Por uma greve unificada, combativa e aliada aos terceirizados!
Junho de
2015
O presente panfleto tem sido distribuído por militantes do Reagrupamento Revolucionário em atividades de greve da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na qual estudantes e técnicos administrativos paralisaram suas atividades desde fins de maio.
Na assembleia do dia 28 de maio, cerca de mil e
quinhentos estudantes aprovaram a deflagração de uma greve estudantil na UFRJ.
Essa greve se soma a lutas que vem ocorrendo por todo o país, contra os ataques
à educação pública que tem sido desferidos por Dilma/Levy e pela maioria dos
governos estaduais e municipais, como parte do “ajuste fiscal” em prol dos
empresários e patrões (os quais seguem lucrando cifras estonteantes). Apesar de
muitos docentes da UFRJ (em especial aqueles que ganham volumosas somas com
pesquisas e financiamentos privados) acharem que, mesmo com todos os ataques e
cortes orçamentários, não há motivos para uma greve nas universidades, a
mobilização nos Institutos Federais de Educação segue crescendo
nacionalmente, com adesão de professores/estudantes/técnicos administrativos e
se tornando um importante movimento de resistência e reivindicação.
Nesse contexto, a pauta aprovada por
nossa assembleia é bastante avançada, pois integra os interesses dos estudantes
aos dos trabalhadores, dentro e fora da universidade: nossa greve será não só
em prol da usual exigência por mais verbas para educação pública,
mas também para que essa verba seja investida no sentido de ampliar
a entrada de estudantes advindos de famílias trabalhadoras, via
aumento das cotas (uma insuficiente,
mas importante brecha no filtro nefasto que é o vestibular/ENEM), e principalmente de garantir que eles possam
permanecer na universidade, através de assistência estudantil ampla
e de qualidade. A pauta inclui ainda a importante demanda defendida por
nós do Reagrupamento Revolucionário [ver vídeo abaixo] em prol da incorporação dos
trabalhadores terceirizados aos quadros de funcionários públicos
da universidade, como a melhor forma de lhes garantir condições decentes em
termos de direitos trabalhistas e salários.
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Assembleia estudantil que aprovou a greve discente na UFRJ (28/mai). |
Mas não podemos nos esquecer que essa
greve que se inicia na sequência de uma importante
mobilização que culminou na ocupação da Reitoria por oito dias e que chegou a
paralisar boa parte dos cursos, em prol de assistência estudantil e pagamento
dos terceirizados que estavam sem receber. E é central tirarmos as lições dessa
luta recente para sermos vitoriosos, pois ao contrário do que tem
dito os coletivos estudantis à frente do DCE, as conquistas obtidas foram muito parciais ou mesmo abstratas: muitos terceirizados
seguem sem receber seu salário de meses anteriores e tantos outros tiveram o
salário e os vales de abril descontados por conta dos dias em que se recusaram
a irem trabalhar. Já as demandas dos estudantes foram respondidas com
medidas muito limitadas e com promessas vagas, inclusive muito similares às
promessas não cumpridas que a Reitoria já havia feito em 2011, quando também
houve grande mobilização estudantil.
Além de promessas não significarem
nada, nós do Reagrupamento Revolucionário encaramos que, enquanto tiver um
trabalhador sequer sem receber nesta universidade, é essencial travarmos uma
luta encarniçada em sua defesa. Por isso nós achamos que foi equivocado
encerrar a ocupação naquele momento. E muitos estudantes demonstraram pensar o
mesmo, conforme apontou a acirrada votação que decidiu pela desocupação (99 a
favor, 96 contra). Muitos desses sentem na pele a necessidade de terem
alojamento, bandejão e bolsas auxílio para poderem se manter na universidade, e
por isso estiveram na linha de frente da luta e com toda razão ficaram
revoltados com a posição recuada das correntes que dirigem o DCE, as
quais fizeram coro pelo encerramento da ocupação.
Para
atingirmos uma universidade que seja feita e frequentada pela classe
trabalhadora e por seus filhos, e que esteja a serviço dos interesses de tal
classe, em especial de seus setores mais precarizados, como os negros e as
mulheres, devemos saber
concatenar os esforços dos setores em luta e
garantir uma postura combativa, promovendo as demandas que atinjam na raiz o
projeto privatista e precarizador do governo para a educação. Todavia, durante
a ocupação as correntes à frente do DCE se limitaram em torno das demandas mais
imediatas, e não se esforçaram para garantir uma mobilização
unificada, que realmente impusesse a suspensão das atividades acadêmicas e se
aliasse organicamente aos trabalhadores da universidade. Elas sequer chamaram
uma assembleia unificada quando alguns cursos começaram a parar [conforme apontamos naquele momento].
Na greve de 2012, essas correntes tiveram uma
postura muito parecida, e por isso ela também não teve grandes vitórias
concretas, tendo sido longa e fraca. Para que isso não se repita, é essencial
que se faço aquilo que o DCE não fez na ocasião: construir comitês
locais de greve em
cada curso
e campus, que sejam
organicamente articulados com a greve dos técnicos administrativos e
com a luta dos terceirizados, na forma de comitês
unificados, compostos por delegados eleitos e revogáveis; ir além da
imposição da suspensão do calendário acadêmico aos professores
anti-greve e organizar boicotes e piquetes contra os que quiserem
continuar suas atividades, como maneira fundamental de fortalecer o movimento e
evitar retaliações e assédios; formar um comando nacional de greve também
unificado, para que as negociações com o MEC tenham mais força. Esses
são passos básicos para uma greve vitoriosa!
-> Por uma greve estudantil unificada com os demais setores, incluindo terceirizados! Por
comitês locais de greve, comitês gerais unificados e por
ações de boicote e piquete contra os professores que não respeitem a greve!
-> Impor à Reitoria o cumprimento das promessas de
assistência! Não abandonar a luta em prol dos terceirizados e do imediato e
integral pagamento de seus salários! Lutar para que os terceirizados sejam
integrados à universidade em regime especial!
-> Por uma universidade com livre acesso, à serviço da classe trabalhadora, de seus filhos e da população negra! Que os patrões paguem pela crise!
-> Por uma universidade com livre acesso, à serviço da classe trabalhadora, de seus filhos e da população negra! Que os patrões paguem pela crise!
Veja a intervenção de um companheiro do Reagrupamento Revolucionário na assembleia que deflagrou a greve discente na UFRJ: