10.3.11

RDA Sucateada

Primeiro o Muro... Depois as Fábricas
RDA Sucateada

[O artigo a seguir é um relato feito por um membro do Gruppe Spartakus (seção alemã da então revolucionária Tendência Bolchevique Internacional) descrevendo o processo de restauração capitalista na antiga República Democrática Alemã (RDA). Ele foi originalmente publicado em 1917 No. 11, no terceiro trimestre de 1992. A tradução para o português foi realizada pelo Reagrupamento Revolucionário]

A restauração capitalista na antiga RDA, agora região oriental da República Federal Alemã (RFA) foi um desastre socioeconômico. Logo depois que a fronteira caiu, o planejamento econômico desapareceu. O comércio externo ficou descontrolado e o marco alemão (DM) da RFA simplesmente dominou. Hordas de pessoas se reuniam em estações de trem e nas fronteiras para tentar trocar sua moeda da RDA por 12 ou 14 vezes menos que a taxa oficial.

A desestabilização econômica da RDA se acelerou em julho de 1990 quando uma “união econômica, social e monetária” com a RFA foi proclamada. Historicamente, três quartos do comércio da RDA foram com o bloco soviético. De repente, todo comércio tinha que ser conduzido em moeda forte. Os parceiros comerciais da RDA simplesmente não podiam pagar, e então o comércio exterior praticamente entrou em colapso. Enquanto isso, os capitalistas do setor de bens de consumo da RFA se mudaram para o leste e vorazmente compraram lojas, armazéns e cada acesso ao sistema de distribuição. Uma vez controlando a rede de varejo, a primeira coisa que fizeram foi colocar seus produtos no lugar daqueles produzidos na RDA.

A tomada do mercado de varejo foi particularmente destrutiva para as fazendas coletivas da RDA, que eram mais produtivas que quaisquer outras no bloco soviético. A RDA era capaz de satisfazer a maior parte das suas necessidades domésticas de alimentos básicos e ainda restava para exportação. A agricultura e a produção alimentícia entraram em colapso muito rapidamente uma vez que os interesses da RFA acabaram com a demanda pelos seus produtos. Se você dirigir pelo Leste hoje em dia, você vai ver os vilarejos e as terras ociosos. A maioria das fazendas coletivas simplesmente foi à bancarrota. Por volta de janeiro, de acordo com a Revista pelos Direitos Humanos (JHR) de Berlim, apenas um quarto das 800 mil pessoas empregadas na agricultura da RDA ainda estavam em suas terras. A previsão é de que metade destes remanescentes será eliminada antes que a “racionalização” esteja completa.

A economia da Alemanha Ocidental expandiu cinco por cento em 1990. A maior parte desse crescimento se deveu ao aumento das vendas de bens de consumo no Leste. Esses produtos foram comprados largamente com o seguro-desemprego e outros benefícios pagos aos trabalhadores da RDA para suavizar o caminho da reunificação. As estatísticas da RFA indicam que a taxa de crescimento de 1991 caiu para 3,2 por cento e a o Instituto Econômico Mundial da Universidade de Kiel está projetando um crescimento real de apenas 1 por cento esse ano. O banco central alemão anunciou que esse ano é esperado um aumento de 30 por cento nas transferências líquidas do oeste para o leste, chagando a DM 180 bilhões. Cerca de 6,5 por cento do PNB [Produto Nacional Bruto] da Alemanha irá para o leste esse ano (Financial Times, 19 de março). Essas “transferências” do tesouro da RFA são, em última instância, pagas pelos trabalhadores empregados do lado ocidental.

A inflação anual no leste foi maior que 25 por cento no último ano – cinco vezes a taxa que se viu na Alemanha Ocidental. Isso foi um resultado principalmente da remoção dos subsídios ao transporte, aluguéis, comunicações e outras necessidades básicas. Na RDA os aluguéis haviam sido limitados entre cinco e sete por cento da renda de uma pessoa. Quando os controles foram removidos em outubro passado, os aluguéis saltaram cerca de 700 por cento. Entretanto, os trabalhadores no leste que tem sorte o suficiente para ter um emprego ganham apenas de 30 a 40 por cento do salário dos seus colegas na antiga RFA.

Desemprego: a indústria que mais cresce na ex-RDA

A classe trabalhadora na RDA era uma das mais qualificadas e mais bem educadas do antigo bloco soviético. Noventa e cinco por cento de todos os trabalhadores tinha um diploma. Apesar da promoção stalinista da família e de consideráveis atrasos culturais, as mulheres tinham mais pré-requisitos materiais para a uma verdadeira igualdade social do que na maior parte dos outros países do mundo. O regime stalinista tornou uma prioridade oferecer moradia para mulheres solteiras com filhos, removendo assim a compulsão para que as mulheres permanecessem em relacionamentos. A RDA também tinha um dos mais extensivos sistemas de creches do mundo. A maior parte dos locais de trabalho era obrigada a oferecer uma creche como uma premissa e de permitir que as mães trabalhadoras visitassem seus filhos durante seus intervalos. Com pleno acesso ao treinamento profissional e emprego garantido, mais de 90 por cento das mulheres da RDA trabalhavam, comparado com apenas 50 por cento na RDA.

A restauração capitalista reverteu muitos desses ganhos. Mulheres trabalhadoras geralmente foram as primeiras a serem demitidas. O sistema de creches subsidiadas foi agora quase completamente desmantelado com a intenção de forçar as mulheres de volta para os lares. As mães que não conseguem pagar creches privadas não podem reivindicar o seguro-desemprego e se sustentam com o auxílio público. No ano passado, Kurt Biedenkopf, Primeiro Ministro da Saxônia, estimou que dois milhões de trabalhadores da RDA, em sua maioria mulheres, nunca mais vão trabalhar (Die Tageszeitung, 7 de março de 1991).

Oficialmente, o desemprego na antiga RDA é calculado em 16,5 por cento, mas esse número é resultado de uma variedade de mecanismos orquestrados para esconder a realidade. Cerca de 350 mil trabalhadores foram cadastrados em fajutos esquemas de conseguir empregos (que agora estão sendo encerrados). Em muitos casos eles foram postos para trabalhar no desmonte das suas antigas fábricas. Outra técnica usada para alterar os números foi a criação de “trabalhos de curto prazo”. Esses trabalhadores “de curto prazo” eram oficialmente classificados como empregados, e ainda recebiam cerca de 80 por cento dos seus salários, mas raramente, se é que alguma vez, puseram os pés nas fábricas. Disseram aos trabalhadores que serem “de curto prazo” significava que eles ainda tinham empregos e, um dia, se as coisas melhorassem e o milagre capitalista engrenasse, eles poderiam voltar ao trabalho. Não foi assim que as coisas funcionaram, e a maioria dos trabalhadores de curto prazo foram agora oficialmente reclassificados como desempregados.

De acordo com a edição de novembro-dezembro de 1991 de Intereconomics, quatro dentre os dez milhões de trabalhadores na RDA em 1989 estão sem trabalho. Aproximadamente um milhão desses trabalhadores foram forçados a se aposentar cedo com pensões reduzidas. Oficialmente, pensões no leste são cerca de metade das do oeste, mas a JHR estima que os três milhões de trabalhadores pensionistas no leste de fato só ganham em torno de 30 por cento dos benefícios pagos aos aposentados do lado ocidental.

Um dos números menos divulgados do tratado de reunificação é o artigo 143 da Constituição da RFA, que efetivamente suspende os direitos constitucionais elementares na antiga RDA até 1993. Usando esse recurso, o governo pode “legalmente” reduzir o acesso aos benefícios sociais aos quais os cidadãos do leste supostamente têm direito.

Demolindo a economia da RDA

A economia da RDA teve sérios problemas, e a maioria dos analistas duvidavam que muitas das suas empresas pudessem competir com sucesso no mercado mundial. A produtividade do trabalho era provavelmente metade daquela na Alemanha Ocidental. Entretanto, a RDA era geralmente considerada entre as quinze maiores economias do mundo, e era certamente o mais avançado dos Estados operários.

Em teoria, quando a burguesia alemã chegou ao poder na RDA, ela poderia ter continuado a operar a economia estatal e mesmo ter retido algum grau de planejamento. A França e outros países da Europa Ocidental já funcionaram de maneira bem sucedida com substanciais setores estatais na economia. O Ruhr, o coração industrial da Alemanha no pós-guerra, foi construído com considerável intervenção estatal.

Porém, ao contrário dos antigos Estados operários deformados e degenerados, as indústrias nacionalizadas da Europa Ocidental eram administradas para o benefício do setor privado. A intervenção estatal francesa no setor do aço e da produção automotiva foi planejada para manter a França como maior poder industrial e fortalecer a posição do capitalismo francês no mercado mundial. Na antiga RDA e nos outros Estados operários deformados, em contraste, todas as forças produtivas primárias foram coletivizadas e sujeitas ao planejamento e administração estatal centralizada.

Desde o começo, a imprensa burguesa alemã séria esteve unida em seu absoluto ódio à propriedade coletivizada. Mesmo as seções mais “de esquerda” da socialdemocracia da Alemanha Ocidental nunca pensaram seriamente em tomar e administrar uma economia estatizada. Em suas cabeças, as Kombinats [grandes ramos da indústria estatal] da RDA só podiam ser uma fonte de competição indesejada.

Um dos paradoxos da Anschluss [Unificação] capitalista é que os trabalhadores do leste que são atingidos mais severamente pela “racionalização” econômica são aqueles empregados nos setores considerados mais competitivos por padrões mundiais (máquinas de ferramentas, construção naval e indústria ótica, por exemplo). Enquanto inicialmente os capitalistas alemães estavam muito ansiosos em ganhar acesso à ex-RDA, eles logo começaram a se preocupar com a “produção desnecessária” da indústria do leste poder diminuir as margens de lucro. O principal jornal burguês da Alemanha, o Frankfurter Allgemeine Zeitung, começou bem cedo a falar em liquidar as indústrias de produção têxtil, química, eletrônica e ótica, assim como as fazendas de grande produção remanescentes.

Os capitalistas da RFA reclamam que o taxa de emprego alta demais da antiga RDA tende a pressionar os salários para cima. Eles também estão assustados pela potencial volatilidade dessa população de alta concentração proletária. A estabilidade social capitalista requer uma quantidade significativa de cidadãos de “classe média”, donas de casa, pequenos proprietários e outros que não sejam participantes diretos na produção para contrabalancear a influência dos trabalhadores organizados.

Em 3 de outubro de 1990, no dia em que a reunificação foi formalmente completada, toda a economia da RDA foi posta sob controle de uma agência governamental, a Treuhand [“Confiança”]. Esse órgão não era uma agência reguladora no sentido capitalista usual, mas uma ferramenta criada para liquidar toda a economia da RDA. Ela não tentou reorganizar ou salvar as empresas que a RFA herdou. Em um processo dirigido de forma escandalosa (exemplificado pela venda a preço de banana da fábrica de lâmpadas NARVA, em Berlim Oriental, para um especulador de terras da Alemanha Ocidental), a Treuhand tinha, ao fim de 1991, vendido 4777 firmas, faltando ainda 6000 (Die Welt, 8 de janeiro).

Der Spiegel (23 de março) anunciou que na antiga RDA, até novembro de 1991, a produção têxtil havia caído 32 por cento, a produção de maquinário tinha diminuído em 37 por cento, a de eletrônicos 54 por cento e a produção ótica 88 por cento. Mesmo a mais ambiciosa aquisição da Alemanha Ocidental no leste, a compra da planta automotiva de Wartburg em Eisenach pela Opel, envolverá um corte de 9 mil para 2 mil na força de trabalho. As estimativas capitalistas mais otimistas do futuro da região projetam 40 por cento dos trabalhadores sem emprego na virada do século. A maioria dos comentaristas se aproxima de R.J. Barro e X. Salal-Martin, (Brookings Papers on Economic Activity, 1991, No. 1), que calculam que levará 35 anos para reduzir pela metade a distância de renda entre o leste e o oeste.

Por que os trabalhadores da RDA sucumbiram ao capitalismo?

A RDA era um Estado operário em que os trabalhadores haviam sido privados do direito de se organizar, discutir política e ler e escrever o que queriam. Eles não tinham acesso a nada parecido com uma análise marxista, e haviam aprendido a suspeitar das mentiras dos governantes stalinistas. Faltavam a eles as ferramentas para desmascarar a propaganda pró-capitalista que precedeu a Anschluss.

Os trabalhadores da RDA não tinham interesse objetivo em ceder sua economia para os banqueiros de Frankfurt. Eles tinham sim um interesse em quebrar a mordaça política dos stalinistas e dirigir a economia planificada através de democráticos conselhos de trabalhadores. Sob um regime desse tipo, eles poderiam desfrutar da liberdade política que o Estado policial de Honecker lhes havia negado, ao mesmo tempo em que deixariam fluir a enorme criatividade das massas trabalhadoras para preservar e estender os ganhos da economia coletivizada. Mais importante: tal revolução política proletária poderia ter oferecido um poderoso exemplo para o restante do bloco soviético, enquanto simultaneamente exercesse uma poderosa influência sobre os trabalhadores da RFA e o resto da Europa Ocidental.

A classe trabalhadora da RDA não enxergou isso como uma opção. Os eventos provaram que o seu apego à propriedade coletivizada era muito superficial. Nas primeiras semanas da crise política do outono de 1989, havia um sentimento bastante difundido de manter a RDA como um Estado separado. Isso refletiu o temor popular de que uma conversão ao capitalismo iria significar uma perda dos benefícios sociais e uma queda nos níveis de vida. Em apenas umas poucas semanas a máquina de propaganda capitalista conseguiu desbancar esse sentimento. A propriedade coletivizada foi igualada com o stalinismo, e foi prometido aos cidadãos da RDA que uma vez caída a fronteira, todos teriam seu pedaço de “democracia” e a boa vida que eles tinham assistido na televisão da RFA. Tragicamente, não havia forças quaisquer com raízes ou influência no movimento proletário alemão que buscasse organizar oposição à reunificação. A esmagadora maioria dos trabalhadores da RDA acreditava nas açucaradas mentiras dos capitalistas e de seus lacaios socialdemocratas, e optaram pelo livre mercado.

Uma vez convencidos de que a reunificação capitalista era uma coisa boa, os trabalhadores da RDA foram além dos intermediários socialdemocratas e votaram pesadamente nos partidos políticos mais próximos e conectados com os grandes capitalistas. Afinal, eram eles que iriam realizar o milagre do mercado.

Os sentimentos nacionalistas alemães tornaram-se cada vez mais poderosos conforme a reunificação ganhava força. Nos primeiros dias dos protestos de massas, a multidão cantava “Nós somos o povo”, uma afirmação de direitos democráticos contra a ditadura do Partido da Unidade Socialista (SED) stalinista. Isso logo foi substituído pelo canto de “Nós somos um povo” – em outras palavras, nós somos alemães. O giro extremamente rápido para a direita que aconteceu na RDA revelou que essa classe trabalhadora outrora vigorosa e politicamente educada (que em 1953 se levantou espontaneamente contra o monopólio político do SED e chegou a tentar expandir sua greve para os trabalhadores em Berlim Ocidental), havia sido gradualmente sufocada por décadas de repressão stalinista.

O movimento grevista no leste

Logo depois de votar pelos partidos pró-capitalistas nas eleições de março de 1990, os trabalhadores da RDA lançaram uma onda de greves exigindo os níveis salariais da RFA e garantias contratuais contra demissões. Simultaneamente, os agricultores cooperativos da RDA bloquearam as estradas em uma tentativa de interromper a afluência de produtos ocidentais que estavam destruindo seu mercado. Os líderes da FDGB (a federação sindical da RDA) que não tinham largado seus postos tentaram prover alguma direção ao movimento grevista, e em muitas localidades tomaram a liderança na organização dos protestos.

Essa explosão proletária largamente espontânea pôs em pânico os capitalistas da RFA e os socialdemocratas. A Federação Sindical Alemã (DGB – a principal federação sindical na RFA), imediatamente despachou milhares de organizadores, com as mãos cheias de moeda forte e apoio técnico, para o leste com o objetivo de “reorganizar” os sindicatos em uma base de colaboração de classes. O primeiro objetivo deles era destruir a FDGB.

Usando o seu dinheiro e suas poderosas conexões, a DGB já ganhou controle de alguns sindicatos da FDGB e exigiu que ela convocasse uma conferência. Em meio a uma orgia de perseguição aos comunistas, os capachos da DGB defenderam uma moção para dispersar a FDGB. Quando ela passou, o próximo passo foi incorporar os antigos sindicatos da FDGB aos sindicatos industriais equivalentes, controlados pelos socialdemocratas, no oeste. Depois disso, a DGB não perdeu tempo em varrer a antiga liderança da FDGB, do topo até os representantes por local de trabalho. Milhares de novos representantes sindicais e funcionários sindicais foram cadastrados em cursos de treinamento para aprender normas de colaboração de classes da DGB. Dessa forma, os capatazes dos capitalistas dentro do movimento sindical conseguiram confundir e estrangular essa rodada de ações defensivas da classe trabalhadora, e consolidar o seu monopólio político sobre os sindicatos alemães.

As ações de massa de 1990 dos trabalhadores e agricultores cooperativos assustou o governo da RFA a ponto de eles jogarem dinheiro no leste para suavizar o impacto dos enormes deslocamentos sociais da restauração capitalista. Elas também enrijeceram a decisão dos capitalistas da RFA de liquidar a indústria da RDA e atomizar sua explosiva classe trabalhadora. Os governantes alemães reconheceram durante o verão [europeu] de 1990 que eles tinham uma situação potencialmente explosiva na RDA, e que eles não possuíam nenhum instrumento confiável no leste para suprimir a crescente resistência proletária. Então eles mudaram a data da Anschluss.

Dos stalinistas aos socialdemocratas

Uma das características mais marcantes do colapso da RDA foi a completa desmoralização dos stalinistas. Enquanto o líder do SED Erich Honecker rejeitava amargamente as “reformas” de mercado de Gorbachev, a maioria dos quadros do seu partido aparentemente já tinha começado a adotar as perspectivas da socialdemocracia. Nos anos 1980, enquanto a RDA estava ocupada “normalizando” as relações com a RFA, havia considerável apreço dentro da burocracia do SED por um diálogo político iniciado pelo Partido Social Democrata (SPD). O resultado foi uma extensiva série de discussões político-ideológicas codificada em Streit der Kultur (declaração conjunta do SED/SPD, 1988).

Enquanto os direitistas da RFA vilificaram os socialdemocratas por dialogarem com o SED, essas discussões ajudaram a minar a moral de uma significativa camada de quadros stalinistas de alto e médio escalão. Eles passaram gradualmente a aceitar a tese socialdemocrata de que qualquer sistema baseado na propriedade coletivizada é incapaz de obter crescimento sustentado, e concluíram que o único papel de um partido dos trabalhadores é barganhar sobre os termos e condições da escravidão assalariada.

O Ostpolitik do SPD reforçou os efeitos do giro de Gorbachev em direção ao “socialismo de mercado”. O resultado foi o colapso ideológico das fileiras do que havia parecido ser uma formação stalinista monolítica. No verão de 1989, quando a Hungria abriu suas fronteiras com a Áustria, dezenas de milhares dos melhores trabalhadores da RDA começaram a fugir para o oeste. Isso, combinado com os massivos protestos no outono exigindo a liberdade de viajar e a democratização, abalou a moral do regime. Em fins de 1989, a burocracia stalinista tinha perdido a confiança em sua habilidade de governar. Quando o SED elegeu uma nova liderança no começo de 1990, os aspirantes a socialdemocratas dentro do partido subiram às posições mais altas. O SED aceitou passivamente a reunificação capitalista e se reconstituiu como o Partido do Socialismo Democrático (PDS), uma formação socialdemocrata levemente à esquerda. Relegada ao status de um partido de oposição minoritário no parlamento da RDA depois das eleições de março de 1990, o PDS limitou seus objetivos a agitação por melhores condições para os trabalhadores da RDA em uma Alemanha reunificada.

Os corpos armados falham em defender a propriedade coletivizada

Todos os órgãos repressivos da RDA – a polícia secreta, o exército e a polícia – provaram-se completamente subservientes à burocracia stalinista. Os “corpos armados” permaneceram passivos, conforme a burocracia capitulava e desmoronava. A temível Stasi (polícia secreta) recebeu ordens de permanecer em seus quartéis e não perturbar ninguém – e foi isso que fizeram.

No começo de 1990, o exército havia começado a se dissolver. A RDA tinha o que provavelmente era o exército melhor equipado e mais bem treinado do Pacto de Varsóvia, mas, de repente, os soldados começaram a sair de seus postos e ir para casa. Nos seis meses depois que Honecker foi deposto, o exército encolheu de 173 mil para 90 mil. Alguns oficiais de baixa patente tentaram se alistar no exército da RFA. Algumas centenas deles foram aceitos. As fileiras mais elevadas permaneceram passivas e a maior parte dos altos oficiais se aposentou. Depois da reunificação, quase todos que permaneceram perderam seus cargos, embora alguns oficiais não comissionados tenham sido mantidos.

Mesmo antes da reunificação, os oficiais da RFA começaram a tomar as unidades do exército da RDA. Eles dispersaram regimentos e integraram os remanescentes ao exército da RFA. Em nenhum momento qualquer unidade de polícia ou de exército da RDA tentou resistir à restauração capitalista. As únicas iniciativas independentes foram a criação, no começo de 1990, de alguns dispersos comitês de soldados. Mas esses comitês se limitaram a exigir melhores moradias, salários e condições de trabalho.

A polícia da RDA também foi incorporada sem dificuldade. Enquanto os chefes de polícia foram substituídos por oficiais do oeste, a maior parte das fileiras policiais no leste hoje em dia é remanescente da RDA. Antigos membros do SED e atuais membros do PDS estão sendo eliminados, mas a polícia no leste ainda não é considerada completamente confiável por seus novos chefes.

A maior parte do alto escalão da burocracia civil foi demitida, particularmente nas áreas da justiça, educação e administração estatal. A cidade de Bonn enviou grandes números de administradores para o leste para tomar o lugar deles. Uma exceção parcial desse padrão foi a indústria, onde alguns velhos burocratas do SED receberam permissão de permanecer por algum tempo. Isso porque, dentro do SED, a seção da burocracia encarregada de administrar a indústria foi a primeira, em sua maioria, a ir para o lado do capitalismo.

A situação da esquerda

Os quadros do SED/PDS e a maior parte dos antigos membros do SED estão sendo alvo de uma contínua e massiva caça-às-bruxas liderada pelos socialdemocratas. A cada passo, ao invés de resistir o PDS capitulou. Ele só tentou muito timidamente prover alguma liderança às ações defensivas espontâneas da classe trabalhadora em luta. Grupos do PDS nos locais de trabalho foram dispersos e membros do PDS nos sindicatos foram orientados a não concorrer nem mesmo aos menores postos, incluindo os de representante por local de trabalho. O PDS agora tem muito pouca influência na classe trabalhadora, e tampouco a tem qualquer outro grupo que se reivindique socialista.
A esquerda alemã tem estado brutalmente desorientada pelos graves eventos dos últimos anos. Dentre as correntes que se reivindicam trotskistas, os seguidores alemães da seita de obediência de James Robertson baseada nos Estados Unidos (atualmente conhecidos como Spartakist Arbeiterpartei Deutschlands [Partido Espartaquista dos Trabalhadores da Alemanha] – SpAD) inicialmente buscou “unidade com o SED” e confundiu a contrarrevolução que varria a RDA com uma “revolução política proletária”. (Para saber mais sobre o desempenho estalinofílico peculiar do SpAD durante os últimos meses da RDA, leia “Robertsonites in Wonderland”, 1917 No. 10).

Os outros grupos supostamente trotskistas na esquerda foram, em sua maioria, tão profundamente estalinofóbicos, e tão hipnotizados pelo “movimento de massas” contra a ditadura do SED, que fecharam os olhos para a realidade e apoiaram cada passo rumo à restauração capitalista como se fosse um desenvolvimento progressivo. A mesma estalinofobia arraigada levou alguns deles a apoiar a caça-às-bruxas contra o PDS.

Lições da onda de greves de 1991

Na primavera [europeia] de 1991, houve outra rodada de resistência operária massiva no leste. Dessa vez a realidade da vida sob o capitalismo tinha desfeito muitas antigas ilusões. Greves, lideradas por organismos das lideranças por locais de trabalho, irromperam nas indústrias marcadas para liquidação. Uma alarmada liderança da DGB se mexeu com o objetivo de manter o controle das manifestações, reverter os chamados de greve e desviar os protestos para uma interminável série de reuniões, assembleias, caminhadas e marchas sem propósito. Os líderes principais da DGB do oeste monopolizaram o palco em cada evento, enquanto os líderes sindicais que lideravam as lutas não tinham a permissão de falar. O chatíssimo discurso burocrático acabou desmoralizando as greves e dissipando a energia das manifestações. O perigo imediato passou.

Os militantes nos organismos de representação sindical que quisessem escapar ao controle do aparato de DGB deveriam ter tentado estabelecer um corpo representativo para coordenar os protestos e prover a estrutura organizativa para levar as lutas em frente. Isso teria significado uma luta política contra a colaboração de classes dos líderes socialdemocratas. Nossos camaradas do Gruppe Spartakus interviram com um programa que mostrou o caminho para acabar com o impasse [veja o apêndice].

Um fator chave na derrota do levante de 1991 foi o fracasso dos trabalhadores no oeste em responder à rebelião no leste. No oeste, a principal luta dos trabalhadores tem sido a resistência em pagar a conta da Anschluss. Até agora a DGB conseguiu resistir à “reunificação” do movimento dos trabalhadores através da velha fronteira. Por exemplo, os dirigentes da DGB negociam contratos separados, naturalmente com datas de término diferentes, para os trabalhadores de cada lado. Em abril de 1991, no auge das greves, a DGB chamou uma reunião em Berlim Oriental para que os metalúrgicos do leste protestassem contra o colapso de sua indústria e a perda de empregos. Os trabalhadores se deslocaram de cada canto da antiga RDA. Porém, essa massiva reunião foi marcada para um dia de semana, no horário de trabalho, para garantir que os metalúrgicos de Berlim Ocidental não pudessem comparecer.

Os trabalhadores da RDA foram criados em uma sociedade onde o aluguel, a comida, as roupas, o transporte e mesmo a mobília eram todos subsidiados. Hoje eles estão experimentando em primeira mão o darwinismo social capitalista. Conforme os preços sobem e os auxílios de desemprego acabam, enquanto cada vez mais firmas vão à falência e os empregos desaparecem, a vida para muitos trabalhadores se tornou uma luta pela sobrevivência. Há um crescente distanciamento entre as atitudes dos trabalhadores do oeste, cujos padrões de vida permanecem entre os mais altos do mundo, e o humor dos trabalhadores no leste, que rapidamente estão se tornando amargos, atomizados e desmoralizados. A taxa de crimes está subindo; a violência doméstica, o alcoolismo, o vício em drogas e a prostituição estão crescendo dramaticamente; psicoses sérias estão aumentando e a taxa de suicídio dobrou.

Nos meses recentes, uma nova onda de ocupações de fábrica contra as demissões tomou as usinas de aço, fábricas, minas e estaleiros no leste. Essas ações tiveram muito pouco peso econômico, porque para a Treuhand não importa realmente se as empresas forem ou não à falência. Embora essas greves comumente não exigissem mais do que uma privatização “socialmente aceitável”, algumas delas ganharam concessões parciais em razão do medo dos capitalistas de uma agitação social.

Ataques contra os trabalhadores da Alemanha Ocidental

Mergulhado nas pressões combinadas dos enormes custos da reunificação, de uma crise econômica internacional e aprofundamento da competição global, o capitalismo alemão aumentou seus ataques contra a classe trabalhadora. Bonn elevou a dívida nacional para DM 1,1 trilhão em 1991. Isso representa 3,7 por cento do PIB, comparado com 3,5 por cento nos Estados Unidos. De acordo com Lothar Mueller, presidente do Banco Central do Estado da Bavária, a dívida nacional vai atingir DM 2 trilhões em 3 anos (Der Spiegel, 23 de março).

No oeste, os ataques às condições de vida que começaram no ano passado estão se intensificando. Acordos salariais em 1991 tiveram média de 7 por cento, mas isso está muito atrás do crescimento do custo de vida. Imposto de renda, seguros, cigarros e muitos outros impostos invisíveis subiram. O imposto sobre a gasolina subiu sozinho 55 por cento por galão. O jornal britânico Financial Times apontou em 19 de fevereiro que “Os salários líquidos caíram entre 1,1 e 3,3 por cento entre outubro de 1990 e outubro de 1992”. Os programas de treinamento de aprendizes sofreram cortes; os gastos em educação estão em queda; cortes na área da saúde introduzidos em 1989 reduziram a verba médica em 9,5 por cento somente no primeiro ano. As pensões foram “ajustadas” – para fazer com que as pessoas trabalhem por mais tempo. Há relatos de que o chanceler Kohl aprovou um aumento de apenas 2,7 por cento nas pensões públicas, bem abaixo mesmo do ridículo número oficial de 4,2 por cento da taxa anual de inflação. Alguns especialistas burgueses sugeriram que os trabalhadores precisariam de aumentos salariais de 12 por cento apenas para equiparar a inflação.

A mídia burguesa está cheia de histórias dos capitalistas e seus lacaios acusando os trabalhadores de arruinarem a economia. O ministro da economia J. Moellemann está exigindo um limite estatutário de apenas 5 por cento de aumento salarial para os funcionários públicos e pedindo a quebra do tradicional sistema de acordos salariais em favor de um aumento das disparidades entre uma região e outra, especialmente entre o leste e o oeste. Ele também está exigindo “maior flexibilidade nas horas de trabalho”, ou seja, uma semana de trabalho mais longa.

Amarrados com a burocracia abertamente pró-capitalista da DGB, os trabalhadores do oeste tem sido lentos em reagir, mas eles estão começando a mostrar sinais de inquietação. Der Spiegel (24 de fevereiro) mostrou uma pesquisa indicando que 78 por cento dos habitantes da Alemanha Ocidental atingiram o limite de sua disposição em carregar nas costas os custos da reunificação. Os trabalhadores na decadente indústria do aço decidiram-se por um aumento salarial de 6,4 por cento nessa primavera, mas outros grandes sindicatos, tais quais a OTV (que representa 4,67 milhões de trabalhadores do setor público) e o poderoso sindicato dos trabalhadores metalúrgicos estão exigindo aumentos salariais próximos de 10 por cento.

A diferença de circunstâncias materiais entre os trabalhadores do leste e no oeste naturalmente produziu diferenças na consciência que são agravadas pelas diferenças culturais que surgiram com o passar das últimas quatro décadas. Os trabalhadores do leste vêem os da antiga RFA como arrogantes e frios, enquanto os trabalhadores no oeste vêem os da antiga RDA como preguiçosos, passivos e facilmente manipuláveis.

O caminho adiante

Quando os trabalhadores da antiga RDA, agindo por conta própria, ocupam fábricas ociosas, eles estão apenas ocupando propriedades que a Treuhand está planejando liquidar de uma forma ou de outra. Apenas conectando a sua condição desesperadora com a luta contra os ataques capitalistas contra os trabalhadores do oeste é que os trabalhadores da ex-RDA oferecem uma resistência efetiva. Os trabalhadores em ambas as regiões da Alemanha tem um inimigo comum na classe dominante alemã e seus agentes que controlam a DGB. Os trotskistas do Gruppe Spartakus reivindicam manifestações, greves e ocupações de fábrica contra o ataque capitalista. Nós também chamamos os trabalhadores no leste a organizar numerosas delegações para irem diretamente aos trabalhadores do oeste – especialmente na região altamente industrializada do Ruhr – para solicitar greves de solidariedade e outras formas de apoio.

As camadas mais politicamente conscientes da classe trabalhadora do lado ocidental já sabem que o que está acontecendo no leste oferece uma séria ameaça aos seus padrões de vida. A burguesia alemã pretende fazer a classe trabalhadora pagar pela reunificação. Para fazer isso ela precisa atacar ainda mais as condições de vida e os benefícios sociais e desfazer décadas de contrato social.

O controle dos dirigentes da DGB sobre os sindicatos, que garante aos capitalistas uma paz garantida na força de trabalho, pode ser quebrado por uma resposta combativa da base à ofensiva capitalista. A inabilidade e a falta de disposição da liderança oficial em resistir cria a possibilidade de um realinhamento político dentro dos sindicatos e o crescimento explosivo de uma ala de esquerda militante. Isso, por sua vez, coloca a questão da liderança e do programa. Enquanto participam de todas as lutas dos trabalhadores para defender suas conquistas antigas e ganhar novas concessões, é o dever dos militantes com consciência de classe lutar dentro dos sindicatos por um programa que lide com mais do que apenas as questões imediatas que afetam um ou outro setor da classe. É necessário conectar essas lutas à questão fundamental de qual classe deve ter o poder.

A burguesia alemã é movida pela lógica da competição global com o imperialismo norte-americano e japonês a aprofundar seus ataques sobre os trabalhadores alemães. Nessa situação, lutas defensivas efetivas podem, em última instância, colocar a questão do poder. Essa é uma questão que só pode ser respondida por uma liderança revolucionária com raízes na classe trabalhadora. Uma organização como essa, baseando-se na tradição do Partido Bolchevique de Lenin e Trotsky, deve possuir ambas a capacidade programática e a vontade política de lutar pela derrubada de todo o sistema capitalista de exploração, com uma perspectiva de forjar uma Alemanha dos trabalhadores como parte dos Estados socialistas da Europa.

***
APÊNDICE

Programa do Gruppe Spartakus para os Trabalhadores da Alemanha Oriental

[O documento a seguir é um extrato da declaração de 23 de abril de 1991 do Gruppe Spartakus, que tratou da onda de greves que acontecia na antiga RDA. Tal grupo era a seção alemã da então Tendência Bolchevique – predecessora da Tendência Bolchevique Internacional. Sua tradução para o português foi realizada pelo Reagrupamento Revolucionário em agosto de 2013, a partir da versão em inglês publicada em 1917 nº 21]

Salário igual para trabalho igual no leste e no oeste!

Não às demissões, não aos trabalhos de curto prazo, não à racionalização à custa dos trabalhadores!

Organização sindical dos desempregados!
Os desempregados, tanto no leste quanto no oeste devem ser reintegrados à produção.

Dividir o trabalho disponível entre todas as mãos com pagamento completo e igual no leste e oeste!
Se o capitalismo não pode satisfazer essas demandas que resultam dos males que ele próprio criou, então esse sistema deve ser extinto. Os trabalhadores não estão preocupados com o que é lucrativo para os capitalistas.

Fim da perseguição aos imigrantes!
Fascistas estão assassinando imigrantes no leste e organizando ataques contra cidadãos poloneses. Ataques de skinheads [de direita] estão aumentando no oeste. Por grupos de autodefesa organizados pelos sindicatos para esmagar a escória nazista! Plenos direitos de cidadania para todos os imigrantes!

Não à caça às bruxas contra antigos membros do SED!
Defender o PDS contra ataques do Estado! Não a Berufsverbote! [restrições aos direitos de ativistas de esquerda de ter empregos no setor público]

Ocupar as fábricas e espalhar as ocupações de fábricas para o oeste!
Os comitês de fábrica devem ser eleitos por todos os trabalhadores para garantir o controle dos trabalhadores sobre a produção. Com tais comitês, os trabalhadores no leste e no oeste podem conter os planos dos capitalistas e determinar o que é necessário para garantir condições de vida descentes para a classe trabalhadora.

Organizar a economia com base numa autoridade planejadora dos trabalhadores!
Acabar com o caos da competição capitalista! Expropriar os capitalistas sem indenização! Não ao planejamento burocrático-stalinista, mas sim uma participação efetiva dos trabalhadores em cada fase do desenvolvimento e da administração do plano econômico.

Por um governo proletário baseado em conselhos de trabalhadores!
Os comitês de fábrica, junto com os trabalhadores das LPG [cooperativas de produção agrícola], os trabalhadores administrativos, os trabalhadores temporários e os comitês de desempregados poderiam formar a base para um conselho nacional de trabalhadores que colocaria um fim à miséria capitalista e frustraria as tentativas do renascente imperialismo alemão de impor sua força militar crescente na arena internacional.

Uma questão de poder – não de novas eleições!
Muitos trabalhadores no leste têm a ilusão de que os planos de Bonn para a Abwicklung [liquidação] da antiga RDA só podem ser bloqueados realizando manifestações maiores e mais frequentes. É urgentemente necessário que os comitês de fábrica do leste enviem grandes delegações de trabalhadores para o oeste (incluindo a região do Ruhr, que tem sido abalada por demissões em massa) para solicitar diretamente aos trabalhadores nesses locais que realizem ações de solidariedade. Espalhar as greves e ocupações de fábrica do leste para o oeste pode estabelecer as bases para uma greve geral nacional. Em última análise, só há duas alternativas: ou avançar para a tomada do poder pela classe trabalhadora, ou ser empurrado para trás por novas derrotas!

O Gruppe Spartakus, seção alemã da Tendência Bolchevique Internacional, está lutando pela saída que avança. Com base em nosso programa, nós buscamos construir um partido trotskista enraizado no proletariado para defender consistentemente os interesses do povo trabalhador.

Abaixo o governo capitalista de Kohl!
Os socialdemocratas Vogel/Lafontaine/Engholm não são uma alternativa!