Primeiro
o Muro... Depois as Fábricas
RDA
Sucateada
[O
artigo a seguir é um relato feito por um membro do Gruppe Spartakus
(seção alemã da então revolucionária Tendência Bolchevique
Internacional) descrevendo o processo de restauração capitalista na
antiga República Democrática Alemã (RDA). Ele foi originalmente
publicado em 1917
No. 11, no terceiro trimestre de 1992. A tradução para o português
foi realizada pelo Reagrupamento Revolucionário]
A
restauração capitalista na antiga RDA, agora região oriental da
República Federal Alemã (RFA) foi um desastre socioeconômico. Logo
depois que a fronteira caiu, o planejamento econômico desapareceu. O
comércio externo ficou descontrolado e o marco alemão (DM) da RFA
simplesmente dominou. Hordas de pessoas se reuniam em estações de
trem e nas fronteiras para tentar trocar sua moeda da RDA por 12 ou
14 vezes menos que a taxa oficial.
A
desestabilização econômica da RDA se acelerou em julho de 1990
quando uma “união econômica, social e monetária” com a RFA foi
proclamada. Historicamente, três quartos do comércio da RDA foram
com o bloco soviético. De repente, todo comércio tinha que ser
conduzido em moeda forte. Os parceiros comerciais da RDA simplesmente
não podiam pagar, e então o comércio exterior praticamente entrou
em colapso. Enquanto isso, os capitalistas do setor de bens de
consumo da RFA se mudaram para o leste e vorazmente compraram lojas,
armazéns e cada acesso ao sistema de distribuição. Uma vez
controlando a rede de varejo, a primeira coisa que fizeram foi
colocar seus produtos no lugar daqueles produzidos na RDA.
A
tomada do mercado de varejo foi particularmente destrutiva para as
fazendas coletivas da RDA, que eram mais produtivas que quaisquer
outras no bloco soviético. A RDA era capaz de satisfazer a maior
parte das suas necessidades domésticas de alimentos básicos e ainda
restava para exportação. A agricultura e a produção alimentícia
entraram em colapso muito rapidamente uma vez que os interesses da
RFA acabaram com a demanda pelos seus produtos. Se você dirigir pelo
Leste hoje em dia, você vai ver os vilarejos e as terras ociosos. A
maioria das fazendas coletivas simplesmente foi à bancarrota. Por
volta de janeiro, de acordo com a Revista
pelos Direitos Humanos (JHR) de
Berlim, apenas um quarto das 800 mil pessoas empregadas na
agricultura da RDA ainda estavam em suas terras. A previsão é de
que metade destes remanescentes será eliminada antes que a
“racionalização” esteja completa.
A
economia da Alemanha Ocidental expandiu cinco por cento em 1990. A
maior parte desse crescimento se deveu ao aumento das vendas de bens
de consumo no Leste. Esses produtos foram comprados largamente com o
seguro-desemprego e outros benefícios pagos aos trabalhadores da RDA
para suavizar o caminho da reunificação. As estatísticas da RFA
indicam que a taxa de crescimento de 1991 caiu para 3,2 por cento e a
o Instituto Econômico Mundial da Universidade de Kiel está
projetando um crescimento real de apenas 1 por cento esse ano. O
banco central alemão anunciou que esse ano é esperado um aumento de
30 por cento nas transferências líquidas do oeste para o leste,
chagando a DM 180 bilhões. Cerca de 6,5 por cento do PNB [Produto
Nacional Bruto] da Alemanha irá para o leste esse ano (Financial
Times, 19 de março).
Essas “transferências” do tesouro da RFA são, em última
instância, pagas pelos trabalhadores empregados do lado ocidental.
A
inflação anual no leste foi maior que 25 por cento no último ano –
cinco vezes a taxa que se viu na Alemanha Ocidental. Isso foi um
resultado principalmente da remoção dos subsídios ao transporte,
aluguéis, comunicações e outras necessidades básicas. Na RDA os
aluguéis haviam sido limitados entre cinco e sete por cento da renda
de uma pessoa. Quando os controles foram removidos em outubro
passado, os aluguéis saltaram cerca de 700 por cento. Entretanto, os
trabalhadores no leste que tem sorte o suficiente para ter um emprego
ganham apenas de 30 a 40 por cento do salário dos seus colegas na
antiga RFA.
Desemprego:
a indústria que mais cresce na ex-RDA
A
classe trabalhadora na RDA era uma das mais qualificadas e mais bem
educadas do antigo bloco soviético. Noventa e cinco por cento de
todos os trabalhadores tinha um diploma. Apesar da promoção
stalinista da família e de consideráveis atrasos culturais, as
mulheres tinham mais pré-requisitos materiais para a uma verdadeira
igualdade social do que na maior parte dos outros países do mundo. O
regime stalinista tornou uma prioridade oferecer moradia para
mulheres solteiras com filhos, removendo assim a compulsão para que
as mulheres permanecessem em relacionamentos. A RDA também tinha um
dos mais extensivos sistemas de creches do mundo. A maior parte dos
locais de trabalho era obrigada a oferecer uma creche como uma
premissa e de permitir que as mães trabalhadoras visitassem seus
filhos durante seus intervalos. Com pleno acesso ao treinamento
profissional e emprego garantido, mais de 90 por cento das mulheres
da RDA trabalhavam, comparado com apenas 50 por cento na RDA.
A
restauração capitalista reverteu muitos desses ganhos. Mulheres
trabalhadoras geralmente foram as primeiras a serem demitidas. O
sistema de creches subsidiadas foi agora quase completamente
desmantelado com a intenção de forçar as mulheres de volta para os
lares. As mães que não conseguem pagar creches privadas não podem
reivindicar o seguro-desemprego e se sustentam com o auxílio
público. No ano passado, Kurt Biedenkopf, Primeiro Ministro da
Saxônia, estimou que dois
milhões de
trabalhadores da RDA, em sua maioria mulheres, nunca mais vão
trabalhar (Die
Tageszeitung, 7 de
março de 1991).
Oficialmente,
o desemprego na antiga RDA é calculado em 16,5 por cento, mas esse
número é resultado de uma variedade de mecanismos orquestrados para
esconder a realidade. Cerca de 350 mil trabalhadores foram
cadastrados em fajutos esquemas de conseguir empregos (que agora
estão sendo encerrados). Em muitos casos eles foram postos para
trabalhar no desmonte das suas antigas fábricas. Outra técnica
usada para alterar os números foi a criação de “trabalhos de
curto prazo”. Esses trabalhadores “de curto prazo” eram
oficialmente classificados como empregados, e ainda recebiam cerca de
80 por cento dos seus salários, mas raramente, se é que alguma vez,
puseram os pés nas fábricas. Disseram aos trabalhadores que serem
“de curto prazo” significava que eles ainda tinham empregos e, um
dia, se as coisas melhorassem e o milagre capitalista engrenasse,
eles poderiam voltar ao trabalho. Não foi assim que as coisas
funcionaram, e a maioria dos trabalhadores de curto prazo foram agora
oficialmente reclassificados como desempregados.
De
acordo com a edição de novembro-dezembro de 1991 de Intereconomics,
quatro dentre os dez milhões de trabalhadores na RDA em 1989 estão
sem trabalho. Aproximadamente um milhão desses trabalhadores foram
forçados a se aposentar cedo com pensões reduzidas. Oficialmente,
pensões no leste são cerca de metade das do oeste, mas a JHR
estima que os três milhões de trabalhadores pensionistas no leste
de fato só ganham em torno de 30 por cento dos benefícios pagos aos
aposentados do lado ocidental.
Um
dos números menos divulgados do tratado de reunificação é o
artigo 143 da Constituição da RFA, que efetivamente suspende os
direitos constitucionais elementares na antiga RDA até 1993. Usando
esse recurso, o governo pode “legalmente” reduzir o acesso aos
benefícios sociais aos quais os cidadãos do leste supostamente têm
direito.
Demolindo
a economia da RDA
A
economia da RDA teve sérios problemas, e a maioria dos analistas
duvidavam que muitas das suas empresas pudessem competir com sucesso
no mercado mundial. A produtividade do trabalho era provavelmente
metade daquela na Alemanha Ocidental. Entretanto, a RDA era
geralmente considerada entre as quinze maiores economias do mundo, e
era certamente o mais avançado dos Estados operários.
Em
teoria, quando a burguesia alemã chegou ao poder na RDA, ela poderia
ter continuado a operar a economia estatal e mesmo ter retido algum
grau de planejamento. A França e outros países da Europa Ocidental
já funcionaram de maneira bem sucedida com substanciais setores
estatais na economia. O Ruhr, o coração industrial da Alemanha no
pós-guerra, foi construído com considerável intervenção estatal.
Porém,
ao contrário dos antigos Estados operários deformados e
degenerados, as indústrias nacionalizadas da Europa Ocidental eram
administradas para o benefício do setor privado. A intervenção
estatal francesa no setor do aço e da produção automotiva foi
planejada para manter a França como maior poder industrial e
fortalecer a posição do capitalismo francês no mercado mundial. Na
antiga RDA e nos outros Estados operários deformados, em contraste,
todas as
forças produtivas primárias foram coletivizadas e sujeitas ao
planejamento e administração estatal centralizada.
Desde
o começo, a imprensa burguesa alemã séria esteve unida em seu
absoluto ódio à propriedade coletivizada. Mesmo as seções mais
“de esquerda” da socialdemocracia da Alemanha Ocidental nunca
pensaram seriamente em tomar e administrar uma economia estatizada.
Em suas cabeças, as Kombinats
[grandes ramos da indústria estatal] da RDA só podiam ser uma fonte
de competição indesejada.
Um
dos paradoxos da Anschluss
[Unificação] capitalista é que os trabalhadores do leste que são
atingidos mais severamente pela “racionalização” econômica são
aqueles empregados nos setores considerados mais competitivos por
padrões mundiais (máquinas de ferramentas, construção naval e
indústria ótica, por exemplo). Enquanto inicialmente os
capitalistas alemães estavam muito ansiosos em ganhar acesso à
ex-RDA, eles logo começaram a se preocupar com a “produção
desnecessária” da indústria do leste poder diminuir as margens de
lucro. O principal jornal burguês da Alemanha, o Frankfurter
Allgemeine Zeitung,
começou bem cedo a falar em liquidar as indústrias de produção
têxtil, química, eletrônica e ótica, assim como as fazendas de
grande produção remanescentes.
Os
capitalistas da RFA reclamam que o taxa de emprego alta demais da
antiga RDA tende a pressionar os salários para cima. Eles também
estão assustados pela potencial volatilidade dessa população de
alta concentração proletária. A estabilidade social capitalista
requer uma quantidade significativa de cidadãos de “classe média”,
donas de casa, pequenos proprietários e outros que não sejam
participantes diretos na produção para contrabalancear a influência
dos trabalhadores organizados.
Em
3 de outubro de 1990, no dia em que a reunificação foi formalmente
completada, toda a economia da RDA foi posta sob controle de uma
agência governamental, a Treuhand [“Confiança”]. Esse órgão
não era uma agência reguladora no sentido capitalista usual, mas
uma ferramenta criada para liquidar toda a economia da RDA. Ela não
tentou reorganizar ou salvar as empresas que a RFA herdou. Em um
processo dirigido de forma escandalosa (exemplificado pela venda a
preço de banana da fábrica de lâmpadas NARVA, em Berlim Oriental,
para um especulador de terras da Alemanha Ocidental), a Treuhand
tinha, ao fim de 1991, vendido 4777 firmas, faltando ainda 6000 (Die
Welt, 8 de janeiro).
Der
Spiegel (23 de março)
anunciou que na antiga RDA, até novembro de 1991, a produção
têxtil havia caído 32 por cento, a produção de maquinário tinha
diminuído em 37 por cento, a de eletrônicos 54 por cento e a
produção ótica 88 por cento. Mesmo a mais ambiciosa aquisição da
Alemanha Ocidental no leste, a compra da planta automotiva de
Wartburg em Eisenach pela Opel, envolverá um corte de 9 mil para 2
mil na força de trabalho. As estimativas capitalistas mais otimistas
do futuro da região projetam 40 por cento dos trabalhadores sem
emprego na virada do século. A maioria dos comentaristas se aproxima
de R.J. Barro e X. Salal-Martin, (Brookings
Papers on Economic Activity,
1991, No. 1), que calculam que levará 35 anos para reduzir
pela metade a
distância de renda entre o leste e o oeste.
Por
que os trabalhadores da RDA sucumbiram ao capitalismo?
A RDA era um Estado operário em que os trabalhadores haviam sido privados do direito de se organizar, discutir política e ler e escrever o que queriam. Eles não tinham acesso a nada parecido com uma análise marxista, e haviam aprendido a suspeitar das mentiras dos governantes stalinistas. Faltavam a eles as ferramentas para desmascarar a propaganda pró-capitalista que precedeu a Anschluss.
Os trabalhadores da RDA não tinham interesse objetivo em ceder sua economia para os banqueiros de Frankfurt. Eles tinham sim um interesse em quebrar a mordaça política dos stalinistas e dirigir a economia planificada através de democráticos conselhos de trabalhadores. Sob um regime desse tipo, eles poderiam desfrutar da liberdade política que o Estado policial de Honecker lhes havia negado, ao mesmo tempo em que deixariam fluir a enorme criatividade das massas trabalhadoras para preservar e estender os ganhos da economia coletivizada. Mais importante: tal revolução política proletária poderia ter oferecido um poderoso exemplo para o restante do bloco soviético, enquanto simultaneamente exercesse uma poderosa influência sobre os trabalhadores da RFA e o resto da Europa Ocidental.
A classe trabalhadora da RDA não enxergou isso como uma opção. Os eventos provaram que o seu apego à propriedade coletivizada era muito superficial. Nas primeiras semanas da crise política do outono de 1989, havia um sentimento bastante difundido de manter a RDA como um Estado separado. Isso refletiu o temor popular de que uma conversão ao capitalismo iria significar uma perda dos benefícios sociais e uma queda nos níveis de vida. Em apenas umas poucas semanas a máquina de propaganda capitalista conseguiu desbancar esse sentimento. A propriedade coletivizada foi igualada com o stalinismo, e foi prometido aos cidadãos da RDA que uma vez caída a fronteira, todos teriam seu pedaço de “democracia” e a boa vida que eles tinham assistido na televisão da RFA. Tragicamente, não havia forças quaisquer com raízes ou influência no movimento proletário alemão que buscasse organizar oposição à reunificação. A esmagadora maioria dos trabalhadores da RDA acreditava nas açucaradas mentiras dos capitalistas e de seus lacaios socialdemocratas, e optaram pelo livre mercado.
Uma
vez convencidos de que a reunificação capitalista era uma coisa
boa, os trabalhadores da RDA foram além dos intermediários
socialdemocratas e votaram pesadamente nos partidos políticos mais
próximos e conectados com os grandes capitalistas. Afinal, eram eles
que iriam realizar o milagre do mercado.
Os
sentimentos nacionalistas alemães tornaram-se cada vez mais
poderosos conforme a reunificação ganhava força. Nos primeiros
dias dos protestos de massas, a multidão cantava “Nós somos o
povo”, uma afirmação de direitos democráticos contra a ditadura
do Partido da Unidade Socialista (SED) stalinista. Isso logo foi
substituído pelo canto de “Nós somos um povo” – em
outras palavras, nós somos alemães. O giro extremamente rápido
para a direita que aconteceu na RDA revelou que essa classe
trabalhadora outrora vigorosa e politicamente educada (que em 1953 se
levantou espontaneamente contra o monopólio político do SED e
chegou a tentar expandir sua greve para os trabalhadores em Berlim
Ocidental), havia sido gradualmente sufocada por décadas de
repressão stalinista.
O
movimento grevista no leste
Logo
depois de votar pelos partidos pró-capitalistas nas eleições de
março de 1990, os trabalhadores da RDA lançaram uma onda de greves
exigindo os níveis salariais da RFA e garantias contratuais contra
demissões. Simultaneamente, os agricultores cooperativos da RDA
bloquearam as estradas em uma tentativa de interromper a afluência
de produtos ocidentais que estavam destruindo seu mercado. Os líderes
da FDGB (a federação sindical da RDA) que não tinham largado seus
postos tentaram prover alguma direção ao movimento grevista, e em
muitas localidades tomaram a liderança na organização dos
protestos.
Essa
explosão proletária largamente espontânea pôs em pânico os
capitalistas da RFA e os socialdemocratas. A Federação Sindical
Alemã (DGB – a principal federação sindical na RFA),
imediatamente despachou milhares de organizadores, com as mãos
cheias de moeda forte e apoio técnico, para o leste com o objetivo
de “reorganizar” os sindicatos em uma base de colaboração de
classes. O primeiro objetivo deles era destruir a FDGB.
Usando
o seu dinheiro e suas poderosas conexões, a DGB já ganhou controle
de alguns sindicatos da FDGB e exigiu que ela convocasse uma
conferência. Em meio a uma orgia de perseguição aos comunistas, os
capachos da DGB defenderam uma moção para dispersar a FDGB. Quando
ela passou, o próximo passo foi incorporar os antigos sindicatos da
FDGB aos sindicatos industriais equivalentes, controlados pelos
socialdemocratas, no oeste. Depois disso, a DGB não perdeu tempo em
varrer a antiga liderança da FDGB, do topo até os representantes
por local de trabalho. Milhares de novos representantes sindicais e
funcionários sindicais foram cadastrados em cursos de treinamento
para aprender normas de colaboração de classes da DGB. Dessa forma,
os capatazes dos capitalistas dentro do movimento sindical
conseguiram confundir e estrangular essa rodada de ações defensivas
da classe trabalhadora, e consolidar o seu monopólio político sobre
os sindicatos alemães.
As
ações de massa de 1990 dos trabalhadores e agricultores
cooperativos assustou o governo da RFA a ponto de eles jogarem
dinheiro no leste para suavizar o impacto dos enormes deslocamentos
sociais da restauração capitalista. Elas também enrijeceram a
decisão dos capitalistas da RFA de liquidar a indústria da RDA e
atomizar sua explosiva classe trabalhadora. Os governantes alemães
reconheceram durante o verão [europeu] de 1990 que eles tinham uma
situação potencialmente explosiva na RDA, e que eles não possuíam
nenhum instrumento confiável no leste para suprimir a crescente
resistência proletária. Então eles mudaram a data da Anschluss.
Dos
stalinistas aos socialdemocratas
Uma
das características mais marcantes do colapso da RDA foi a completa
desmoralização dos stalinistas. Enquanto o líder do SED Erich
Honecker rejeitava amargamente as “reformas” de mercado de
Gorbachev, a maioria dos quadros do seu partido aparentemente já
tinha começado a adotar as perspectivas da socialdemocracia. Nos
anos 1980, enquanto a RDA estava ocupada “normalizando” as
relações com a RFA, havia considerável apreço dentro da
burocracia do SED por um diálogo político iniciado pelo Partido
Social Democrata (SPD). O resultado foi uma extensiva série de
discussões político-ideológicas codificada em Streit der Kultur
(declaração conjunta do SED/SPD, 1988).
Enquanto
os direitistas da RFA vilificaram os socialdemocratas por dialogarem
com o SED, essas discussões ajudaram a minar a moral de uma
significativa camada de quadros stalinistas de alto e médio escalão.
Eles passaram gradualmente a aceitar a tese socialdemocrata de que
qualquer sistema baseado na propriedade coletivizada é incapaz de
obter crescimento sustentado, e concluíram que o único papel de um
partido dos trabalhadores é barganhar sobre os termos e condições
da escravidão assalariada.
O
Ostpolitik do SPD reforçou os efeitos do giro de Gorbachev em
direção ao “socialismo de mercado”. O resultado foi o colapso
ideológico das fileiras do que havia parecido ser uma formação
stalinista monolítica. No verão de 1989, quando a Hungria abriu
suas fronteiras com a Áustria, dezenas de milhares dos melhores
trabalhadores da RDA começaram a fugir para o oeste. Isso, combinado
com os massivos protestos no outono exigindo a liberdade de viajar e
a democratização, abalou a moral do regime. Em fins de 1989, a
burocracia stalinista tinha perdido a confiança em sua habilidade de
governar. Quando o SED elegeu uma nova liderança no começo de 1990,
os aspirantes a socialdemocratas dentro do partido subiram às
posições mais altas. O SED aceitou passivamente a reunificação
capitalista e se reconstituiu como o Partido do Socialismo
Democrático (PDS), uma formação socialdemocrata levemente à
esquerda. Relegada ao status de um partido de oposição minoritário
no parlamento da RDA depois das eleições de março de 1990, o PDS
limitou seus objetivos a agitação por melhores condições para os
trabalhadores da RDA em uma Alemanha reunificada.
Os
corpos armados falham em defender a propriedade coletivizada
Todos
os órgãos repressivos da RDA – a polícia secreta, o exército e
a polícia – provaram-se completamente subservientes à burocracia
stalinista. Os “corpos armados” permaneceram passivos, conforme a
burocracia capitulava e desmoronava. A temível Stasi (polícia
secreta) recebeu ordens de permanecer em seus quartéis e não
perturbar ninguém – e foi isso que fizeram.
No
começo de 1990, o exército havia começado a se dissolver. A RDA
tinha o que provavelmente era o exército melhor equipado e mais bem
treinado do Pacto de Varsóvia, mas, de repente, os soldados
começaram a sair de seus postos e ir para casa. Nos seis meses
depois que Honecker foi deposto, o exército encolheu de 173 mil para
90 mil. Alguns oficiais de baixa patente tentaram se alistar no
exército da RFA. Algumas centenas deles foram aceitos. As fileiras
mais elevadas permaneceram passivas e a maior parte dos altos
oficiais se aposentou. Depois da reunificação, quase todos que
permaneceram perderam seus cargos, embora alguns oficiais não
comissionados tenham sido mantidos.
Mesmo
antes da reunificação, os oficiais da RFA começaram a tomar as
unidades do exército da RDA. Eles dispersaram regimentos e
integraram os remanescentes ao exército da RFA. Em nenhum momento
qualquer unidade de polícia ou de exército da RDA tentou resistir à
restauração capitalista. As únicas iniciativas independentes foram
a criação, no começo de 1990, de alguns dispersos comitês de
soldados. Mas esses comitês se limitaram a exigir melhores moradias,
salários e condições de trabalho.
A
polícia da RDA também foi incorporada sem dificuldade. Enquanto os
chefes de polícia foram substituídos por oficiais do oeste, a maior
parte das fileiras policiais no leste hoje em dia é remanescente da
RDA. Antigos membros do SED e atuais membros do PDS estão sendo
eliminados, mas a polícia no leste ainda não é considerada
completamente confiável por seus novos chefes.
A
maior parte do alto escalão da burocracia civil foi demitida,
particularmente nas áreas da justiça, educação e administração
estatal. A cidade de Bonn enviou grandes números de administradores
para o leste para tomar o lugar deles. Uma exceção parcial desse
padrão foi a indústria, onde alguns velhos burocratas do SED
receberam permissão de permanecer por algum tempo. Isso porque,
dentro do SED, a seção da burocracia encarregada de administrar a
indústria foi a primeira, em sua maioria, a ir para o lado do
capitalismo.
A
situação da esquerda
Os
quadros do SED/PDS e a maior parte dos antigos membros do SED estão
sendo alvo de uma contínua e massiva caça-às-bruxas liderada pelos
socialdemocratas. A cada passo, ao invés de resistir o PDS
capitulou. Ele só tentou muito timidamente prover alguma liderança
às ações defensivas espontâneas da classe trabalhadora em luta.
Grupos do PDS nos locais de trabalho foram dispersos e membros do PDS
nos sindicatos foram orientados a não concorrer nem mesmo aos
menores postos, incluindo os de representante por local de trabalho.
O PDS agora tem muito pouca influência na classe trabalhadora, e
tampouco a tem qualquer outro grupo que se reivindique socialista.
A
esquerda alemã tem estado brutalmente desorientada pelos graves
eventos dos últimos anos. Dentre as correntes que se reivindicam
trotskistas, os seguidores alemães da seita de obediência de James
Robertson baseada nos Estados Unidos (atualmente conhecidos como
Spartakist Arbeiterpartei Deutschlands [Partido Espartaquista dos
Trabalhadores da Alemanha] – SpAD) inicialmente buscou “unidade
com o SED” e confundiu a contrarrevolução que varria a RDA com
uma “revolução política proletária”. (Para saber mais sobre o
desempenho estalinofílico peculiar do SpAD durante os últimos meses
da RDA, leia “Robertsonites in Wonderland”, 1917
No. 10).
Os
outros grupos supostamente trotskistas na esquerda foram, em sua
maioria, tão profundamente estalinofóbicos, e tão hipnotizados
pelo “movimento de massas” contra a ditadura do SED, que fecharam
os olhos para a realidade e apoiaram cada passo rumo à restauração
capitalista como se fosse um desenvolvimento progressivo. A mesma
estalinofobia arraigada levou alguns deles a apoiar a caça-às-bruxas
contra o PDS.
Lições
da onda de greves de 1991
Na
primavera [europeia] de 1991, houve outra rodada de resistência
operária massiva no leste. Dessa vez a realidade da vida sob o
capitalismo tinha desfeito muitas antigas ilusões. Greves, lideradas
por organismos das lideranças por locais de trabalho, irromperam nas
indústrias marcadas para liquidação. Uma alarmada liderança da
DGB se mexeu com o objetivo de manter o controle das manifestações,
reverter os chamados de greve e desviar os protestos para uma
interminável série de reuniões, assembleias, caminhadas e marchas
sem propósito. Os líderes principais da DGB do oeste monopolizaram
o palco em cada evento, enquanto os líderes sindicais que lideravam
as lutas não tinham a permissão de falar. O chatíssimo discurso
burocrático acabou desmoralizando as greves e dissipando a energia
das manifestações. O perigo imediato passou.
Os
militantes nos organismos de representação sindical que quisessem
escapar ao controle do aparato de DGB deveriam ter tentado
estabelecer um corpo representativo para coordenar os protestos e
prover a estrutura organizativa para levar as lutas em frente. Isso
teria significado uma luta política contra a colaboração de
classes dos líderes socialdemocratas. Nossos camaradas do Gruppe
Spartakus interviram com um programa que mostrou o caminho para
acabar com o impasse [veja o apêndice].
Um
fator chave na derrota do levante de 1991 foi o fracasso dos
trabalhadores no oeste em responder à rebelião no leste. No oeste,
a principal luta dos trabalhadores tem sido a resistência em pagar a
conta da Anschluss.
Até agora a DGB conseguiu resistir à “reunificação” do
movimento dos trabalhadores através da velha fronteira. Por exemplo,
os dirigentes da DGB negociam contratos separados, naturalmente com
datas de término diferentes, para os trabalhadores de cada lado. Em
abril de 1991, no auge das greves, a DGB chamou uma reunião em
Berlim Oriental para que os metalúrgicos do leste protestassem
contra o colapso de sua indústria e a perda de empregos. Os
trabalhadores se deslocaram de cada canto da antiga RDA. Porém, essa
massiva reunião foi marcada para um dia de semana, no horário de
trabalho, para garantir que os metalúrgicos de Berlim Ocidental não
pudessem comparecer.
Os
trabalhadores da RDA foram criados em uma sociedade onde o aluguel, a
comida, as roupas, o transporte e mesmo a mobília eram todos
subsidiados. Hoje eles estão experimentando em primeira mão o
darwinismo social capitalista. Conforme os preços sobem e os
auxílios de desemprego acabam, enquanto cada vez mais firmas vão à
falência e os empregos desaparecem, a vida para muitos trabalhadores
se tornou uma luta pela sobrevivência. Há um crescente
distanciamento entre as atitudes dos trabalhadores do oeste, cujos
padrões de vida permanecem entre os mais altos do mundo, e o humor
dos trabalhadores no leste, que rapidamente estão se tornando
amargos, atomizados e desmoralizados. A taxa de crimes está subindo;
a violência doméstica, o alcoolismo, o vício em drogas e a
prostituição estão crescendo dramaticamente; psicoses sérias
estão aumentando e a taxa de suicídio dobrou.
Nos
meses recentes, uma nova onda de ocupações de fábrica contra as
demissões tomou as usinas de aço, fábricas, minas e estaleiros no
leste. Essas ações tiveram muito pouco peso econômico, porque para
a Treuhand não importa realmente se as empresas forem ou não à
falência. Embora essas greves comumente não exigissem mais do que
uma privatização “socialmente aceitável”, algumas delas
ganharam concessões parciais em razão do medo dos capitalistas de
uma agitação social.
Ataques
contra os trabalhadores da Alemanha Ocidental
Mergulhado
nas pressões combinadas dos enormes custos da reunificação, de uma
crise econômica internacional e aprofundamento da competição
global, o capitalismo alemão aumentou seus ataques contra a classe
trabalhadora. Bonn elevou a dívida nacional para DM 1,1 trilhão em
1991. Isso representa 3,7 por cento do PIB, comparado com 3,5 por
cento nos Estados Unidos. De acordo com Lothar Mueller, presidente do
Banco Central do Estado da Bavária, a dívida nacional vai atingir
DM 2 trilhões em 3 anos (Der
Spiegel, 23 de março).
No
oeste, os ataques às condições de vida que começaram no ano
passado estão se intensificando. Acordos salariais em 1991 tiveram
média de 7 por cento, mas isso está muito atrás do crescimento do
custo de vida. Imposto de renda, seguros, cigarros e muitos outros
impostos invisíveis subiram. O imposto sobre a gasolina subiu
sozinho 55 por cento por galão.
O jornal britânico Financial Times
apontou em 19 de fevereiro que “Os salários líquidos caíram
entre 1,1 e 3,3 por cento entre outubro de 1990 e outubro de 1992”.
Os programas de treinamento de aprendizes sofreram cortes; os gastos
em educação estão em queda; cortes na área da saúde introduzidos
em 1989 reduziram a verba médica em 9,5 por cento somente no
primeiro ano. As pensões foram “ajustadas” – para fazer com
que as pessoas trabalhem por mais tempo. Há relatos de que o
chanceler Kohl aprovou um aumento de apenas 2,7 por cento nas pensões
públicas, bem abaixo mesmo do ridículo número oficial de 4,2 por
cento da taxa anual de inflação. Alguns especialistas burgueses
sugeriram que os trabalhadores precisariam de aumentos salariais de
12 por cento apenas para equiparar a inflação.
A
mídia burguesa está cheia de histórias dos capitalistas e seus
lacaios acusando os trabalhadores de arruinarem a economia. O
ministro da economia J. Moellemann está exigindo um limite
estatutário de apenas 5 por cento de aumento salarial para os
funcionários públicos e pedindo a quebra do tradicional sistema de
acordos salariais em favor de um aumento das disparidades entre uma
região e outra, especialmente entre o leste e o oeste. Ele também
está exigindo “maior flexibilidade nas horas de trabalho”, ou
seja, uma semana de trabalho mais longa.
Amarrados
com a burocracia abertamente pró-capitalista da DGB, os
trabalhadores do oeste tem sido lentos em reagir, mas eles estão
começando a mostrar sinais de inquietação. Der
Spiegel (24 de fevereiro) mostrou
uma pesquisa indicando que 78 por cento dos habitantes da Alemanha
Ocidental atingiram o limite de sua disposição em carregar nas
costas os custos da reunificação. Os trabalhadores na decadente
indústria do aço decidiram-se por um aumento salarial de 6,4 por
cento nessa primavera, mas outros grandes sindicatos, tais quais a
OTV (que representa 4,67 milhões de trabalhadores do setor público)
e o poderoso sindicato dos trabalhadores metalúrgicos estão
exigindo aumentos salariais próximos de 10 por cento.
A
diferença de circunstâncias materiais entre os trabalhadores do
leste e no oeste naturalmente produziu diferenças na consciência
que são agravadas pelas diferenças culturais que surgiram com o
passar das últimas quatro décadas. Os trabalhadores do leste vêem
os da antiga RFA como arrogantes e frios, enquanto os trabalhadores
no oeste vêem os da antiga RDA como preguiçosos, passivos e
facilmente manipuláveis.
O
caminho adiante
Quando
os trabalhadores da antiga RDA, agindo por conta própria, ocupam
fábricas ociosas, eles estão apenas ocupando propriedades que a
Treuhand está planejando liquidar de uma forma ou de outra. Apenas
conectando a sua condição desesperadora com a luta contra os
ataques capitalistas contra os trabalhadores do oeste é que os
trabalhadores da ex-RDA oferecem uma resistência efetiva. Os
trabalhadores em ambas as regiões da Alemanha tem um inimigo comum
na classe dominante alemã e seus agentes que controlam a DGB. Os
trotskistas do Gruppe Spartakus reivindicam manifestações, greves e
ocupações de fábrica contra o ataque capitalista. Nós também
chamamos os trabalhadores no leste a organizar numerosas delegações
para irem diretamente aos trabalhadores do oeste – especialmente na
região altamente industrializada do Ruhr – para solicitar greves
de solidariedade e outras formas de apoio.
As
camadas mais politicamente conscientes da classe trabalhadora do lado
ocidental já sabem que o que está acontecendo no leste oferece uma
séria ameaça aos seus padrões de vida. A burguesia alemã pretende
fazer a classe trabalhadora pagar pela reunificação. Para fazer
isso ela precisa atacar ainda mais as condições de vida e os
benefícios sociais e desfazer décadas de contrato social.
O
controle dos dirigentes da DGB sobre os sindicatos, que garante aos
capitalistas uma paz garantida na força de trabalho, pode ser
quebrado por uma resposta combativa da base à ofensiva capitalista.
A inabilidade e a falta de disposição da liderança oficial em
resistir cria a possibilidade de um realinhamento político dentro
dos sindicatos e o crescimento explosivo de uma ala de esquerda
militante. Isso, por sua vez, coloca a questão da liderança e do
programa. Enquanto participam de todas as lutas dos trabalhadores
para defender suas conquistas antigas e ganhar novas concessões, é
o dever dos militantes com consciência de classe lutar dentro dos
sindicatos por um programa que lide com mais do que apenas as
questões imediatas que afetam um ou outro setor da classe. É
necessário conectar essas lutas à questão fundamental de qual
classe deve ter o poder.
A
burguesia alemã é movida pela lógica da competição global com o
imperialismo norte-americano e japonês a aprofundar seus ataques
sobre os trabalhadores alemães. Nessa situação, lutas defensivas
efetivas podem, em última instância, colocar a questão do poder.
Essa é uma questão que só pode ser respondida por uma liderança
revolucionária com raízes na classe trabalhadora. Uma organização
como essa, baseando-se na tradição do Partido Bolchevique de Lenin
e Trotsky, deve possuir ambas a capacidade programática e a vontade
política de lutar pela derrubada de todo o sistema capitalista de
exploração, com uma perspectiva de forjar uma Alemanha dos
trabalhadores como parte dos Estados socialistas da Europa.
***
APÊNDICE
Programa
do Gruppe Spartakus para os Trabalhadores da Alemanha Oriental
[O
documento a seguir é um extrato da declaração de 23 de abril de
1991 do Gruppe Spartakus, que tratou da onda de greves que acontecia
na antiga RDA. Tal grupo era a seção alemã da então Tendência
Bolchevique – predecessora da Tendência Bolchevique Internacional.
Sua tradução para o português foi realizada pelo Reagrupamento
Revolucionário em agosto de 2013, a partir da versão em inglês
publicada em 1917
nº 21]
● Salário
igual para trabalho igual no leste e no oeste!
● Não
às demissões, não aos trabalhos de curto prazo, não à
racionalização à custa dos trabalhadores!
● Organização
sindical dos desempregados!
Os
desempregados, tanto no leste quanto no oeste devem ser reintegrados
à produção.
● Dividir
o trabalho disponível entre todas as mãos com pagamento completo e
igual no leste e oeste!
Se
o capitalismo não pode satisfazer essas demandas que resultam dos
males que ele próprio criou, então esse sistema deve ser extinto.
Os trabalhadores não estão preocupados com o que é lucrativo para
os capitalistas.
● Fim
da perseguição aos imigrantes!
Fascistas
estão assassinando imigrantes no leste e organizando ataques contra
cidadãos poloneses. Ataques de skinheads [de direita] estão
aumentando no oeste. Por grupos de autodefesa organizados pelos
sindicatos para esmagar a escória nazista! Plenos direitos de
cidadania para todos os imigrantes!
● Não
à caça às bruxas contra antigos membros do SED!
Defender
o PDS contra ataques do Estado! Não a Berufsverbote!
[restrições aos direitos de ativistas de esquerda de ter empregos
no setor público]
● Ocupar
as fábricas e espalhar as ocupações de fábricas para o oeste!
Os
comitês de fábrica devem ser eleitos por todos os trabalhadores
para garantir o controle dos trabalhadores sobre a produção. Com
tais comitês, os trabalhadores no leste e no oeste podem conter os
planos dos capitalistas e determinar o que é necessário para
garantir condições de vida descentes para a classe trabalhadora.
● Organizar
a economia com base numa autoridade planejadora dos trabalhadores!
Acabar
com o caos da competição capitalista! Expropriar os capitalistas
sem indenização! Não ao planejamento burocrático-stalinista, mas
sim uma participação efetiva dos trabalhadores em cada fase do
desenvolvimento e da administração do plano econômico.
● Por
um governo proletário baseado em conselhos de trabalhadores!
Os
comitês de fábrica, junto com os trabalhadores das LPG
[cooperativas de produção agrícola], os trabalhadores
administrativos, os trabalhadores temporários e os comitês de
desempregados poderiam formar a base para um conselho nacional de
trabalhadores que colocaria um fim à miséria capitalista e
frustraria as tentativas do renascente imperialismo alemão de impor
sua força militar crescente na arena internacional.
● Uma
questão de poder – não de novas eleições!
Muitos
trabalhadores no leste têm a ilusão de que os planos de Bonn para a
Abwicklung
[liquidação] da antiga RDA só podem ser bloqueados realizando
manifestações maiores e mais frequentes. É urgentemente necessário
que os comitês de fábrica do leste enviem grandes delegações de
trabalhadores para o oeste (incluindo a região do Ruhr, que tem sido
abalada por demissões em massa) para solicitar diretamente aos
trabalhadores nesses locais que realizem ações de solidariedade.
Espalhar as greves e ocupações de fábrica do leste para o oeste
pode estabelecer as bases para uma greve geral nacional. Em última
análise, só há duas alternativas: ou avançar para a tomada do
poder pela classe trabalhadora, ou ser empurrado para trás por novas
derrotas!
O
Gruppe Spartakus, seção alemã da Tendência Bolchevique
Internacional, está lutando pela saída que avança. Com base em
nosso programa, nós buscamos construir um partido trotskista
enraizado no proletariado para defender consistentemente os
interesses do povo trabalhador.
Abaixo
o governo capitalista de Kohl!
Os
socialdemocratas Vogel/Lafontaine/Engholm não são uma alternativa!