Raciocínio de Avestruz e Tentativa de
Intimidação
A Tendência Bolchevique Internacional
“Explica” sua Falência
Originalmente publicado em inglês em março de 2012
Três
décadas desde a sua primeira declaração pública (From
New York To Sri Lanka: It Is Desperately Necessary To Fight!, de outubro de 1982) o grupo que
hoje é a Tendência Bolchevique Internacional está visivelmente menor do que
nunca, mais isolado do que nunca, e mais envelhecido do que nunca. Também ela, assim
como outros grupos que no passado lutaram para reconstruir o movimento
revolucionário sob difíceis condições de muitas décadas sem sucesso, perdeu o
seu propósito revolucionário e se degenerou. Mais especificamente, ela se
transformou em uma organização qualitativamente similar ao grupo com o qual
rompeu há todas essas décadas atrás, a atualmente corrupta e burocratizada
organização conhecida como Liga Espartaquista (SL).
Aqueles
que lutaram sem sucesso contra a degeneração do Partido dos Trabalhadores
Socialistas (SWP) nos anos 1960 analisaram circunstâncias similares que hoje
também afetam a TBI:
“O SWP se tornou uma organização
muito envelhecida em sua liderança. De 1928 até o presente – 34 anos – ele tem
sido liderado pelo mesmo grupo de pessoas contínuo e com poucas mudanças. Assim,
ele é a organização mais velha que se reivindica revolucionária na história. O
seu atual Comitê Nacional deve possuir uma das mais altas médias de idade na
história do movimento comunista em todos os tempos.”
“Enquanto a liderança é velha,
muitos dos quadros de liderança do partido no nível dos núcleos locais são de
meia idade e são trabalhadores qualificados confortavelmente posicionados com
muitos anos de estabilidade e casa própria.”
J.
Robertson & L. Ireland, 6/9/1962.
“Contra este histórico de
derrotas e de isolamento da luta de classes direta, a decadência política de
uma liderança partidária que envelhecia, à qual faltava toda uma nova geração,
era inevitável.”
“Não tendo experimentado, durante
um período razoável, nem mesmo pequenas vitórias, vendo a classe rejeitá-los e
girar rumo a uma relativa passividade ou mesmo reação, a velha liderança do
Partido, apoiada por elementos mais jovens treinados em um ambiente político
pequeno-burguês, perdeu a confiança na classe e na sua própria habilidade de
atingir a vitória.”
Geoffrey White, 10/10/1962
A
degeneração da TBI não é simplesmente devido a condições objetivas. As muitas
políticas erradas da liderança também inevitavelmente tiveram um efeito
negativo. Em particular muitas práticas organizativas que ela herdou da SL, mas
falhou em superar, inevitavelmente criaram vida própria dentro da organização
conforme a existência do grupo se separou cada vez mais do seu propósito
revolucionário inicial, até ele se transformar em um fim em si mesmo. As
pressões para burocratização sob tais circunstâncias são obviamente bastante
fortes conforme a base e os quadros ficam cada vez mais passivos e
despolitizados, enquanto o poder desmedido da liderança e seu controle sobre o
grupo crescem aos saltos. Leon Trotsky se referiu a esse processo como uma
“reação termidoriana”. James P. Cannon resumiu o fenômeno em todas as suas
várias manifestações históricas desta forma:
“Não há nada revolucionário a
respeito dos burocratas. Eles temem as massas e desconfiam delas e são sempre
arrastados e postos de lado durante períodos de levante. Apenas quando as
massas se aquietam é que os burocratas têm a sua vez — os homens cinzentos de
uma maré-baixa. Você vê isso manifestar-se em todas as organizações dos
trabalhadores, em todas as mutações da luta de classes, de greves a revoluções,
e de sindicatos a órgãos do poder de Estado.”
James P. Cannon (1951)
Logo
após uma série de dissidências e rompimentos públicos (e muitos não-públicos) e
os resultantes rompimentos de relações com vários grupos e simpatizantes – para
não mencionar a perda do seu núcleo de Ruhr, na Alemanha, a TBI, após um longo
período de silêncio tumular sobre o assunto, decidiu usar o recém-publicado
balanço da sua Conferência Internacional como uma oportunidade de reconhecer
parcialmente e racionalizar a sua profunda crise para um público de esquerda agora
já bastante ciente (junto a uma tentativa explícita de intimidar nossa
organização ao silêncio). São poucos aqueles iludidos o suficiente na periferia
do grupo que poderiam esperar qualquer tentativa honesta de analisar seriamente
os problemas e as condições por trás deles (nós estimamos que desde nossa saída
a TBI possua cerca de 20 pessoas, depois de perder cerca de um terço de seus
membros). Ao invés disso, o “líder” absoluto da TBI (Tom Riley) e os capatazes
sem caráter que protegem cada movimento que ele realiza, resolveram declarar o
seguinte:
“Ao avaliar o nosso trabalho
desde a nossa conferência de 2008, observamos que, apesar de alguns sucessos
limitados (por exemplo, ganhamos adeptos na França e na Polônia), ainda temos
de fazer grandes avanços a nível internacional e, de fato, sofremos alguns
reveses. Em 2010, um companheiro recém-recrutado deixou a TBI para se tornar um
anarquista em sequência aos protestos explosivos contra o G-20 em Toronto. Mais
significativamente, não conseguimos ganhar os membros do Coletivo Lenin (CL),
no Rio de Janeiro, alguns dos quais eventualmente se alinharam com Sam T., um
talentoso, porém problemático, antigo membro da TBI, que partiu em setembro de
2008, após decidir que ele não estava mais preparado para seguir as diretrizes
da organização. A nossa incapacidade para ganhar os camaradas brasileiros veio
como o culminar decepcionante de vários anos de esforço e representou a perda
do que parecia ser uma oportunidade promissora para começar trabalhos em uma
parte extremamente importante do mundo.”
1917 nº34, 2012
E
isto é tudo, já que a maior parte do resto do balanço da TBI consistia de
alguns elogios muito pouco merecidos a ela própria.
Nós
podemos comentar mais amplamente este “balanço” da conferência da TBI em um
artigo futuro, mas por enquanto vamos nos limitar a discutir as explicações de
avestruz (como quem se esconde enfiando a cabeça na areia) que ela ofereceu
nesse trecho, ao tentar livrar a própria cara.
“Difamando Quem Faz as Críticas”
Em
25 de setembro de 2008, Samuel Trachtenberg rompeu com a Tendência Bolchevique Internacional
com a sua carta de ruptura (A
Estrada para Fora de Rileyville)
que descreve alguns dos pontos chave na história da degeneração burocrática da
TBI e anuncia a sua intenção de continuar lutando para reconstruir um grupo
revolucionário que possa desempenhar um papel em ajudar na reconstrução da
Quarta Internacional. Assim como admite o balanço da TBI, desmentindo as
expectativas de tal grupo por um fracasso rápido, essa intenção de Samuel
eventualmente conseguiu algum sucesso limitado, porém real, à custa da TBI.
Essa expectativa inicial é a razão de a TBI ter decidido não informar a seus
leitores sobre o rompimento público no balanço da sua Quinta Conferência
Internacional, escrito pouco depois do racha.
Ao
invés de reiterar cada argumento já exposto, nós convidamos o leitor a verificar
por si próprio esta carta de ruptura e confirmar que não houve a menor
tentativa por parte da TBI de lidar com as questões levantadas na descrição que
ela fez dos eventos. A razão para isso é bastante simples. Uma tentativa de
negar qualquer argumento levantado na carta de rompimento (ou em polêmicas
subsequentes) nos forçaria a tomar o devido tempo para dar ainda mais provas e
fortalecer nossas afirmações, indo cada vez mais fundo nos escandalosos e
vergonhosos detalhes dos anos de abuso burocrático e manipulações desonestas
com outras organizações de esquerda realizadas pelo “líder” absoluto da TBI,
Tom Riley. Como Riley gosta de dizer, o silêncio às vezes é a melhor resposta.
Ao
invés de tentar qualquer resposta, o balanço tenta continuar publicamente uma
campanha interna de rotular as descrições feitas por Trachtenberg de corrupção
burocrática na TBI como um mero produto de uma suposta condição “problemática”.
A carta de rompimento de Trachtenberg apontou:
“No entanto, quando eu levantei essa questão (junto
com várias outras similares), os camaradas deram a mesma resposta que Seymour,
combinada com uma grosseira campanha para me convencer de que minhas críticas
provinham de ‘problemas mentais’. Apesar de possuir um histórico de depressão,
não sou insano e sou perfeitamente capaz de reconhecer a realidade e as
tentativas da liderança de usar os mesmos mecanismos comigo que foram usados
com outros críticos.”
“O termo para esse tipo de prática é ‘gaslighting’ (manipulação mental) e eu
pediria aos camaradas que fizessem uma busca no Google sobre isso. O fato de
que Bill Logan, um ‘profissional’ de saúde mental, usou suas credenciais para
tais propósitos nojentos só aumenta a corrupção envolvida.”
A carta
de rompimento também aponta que o uso de tais técnicas contra críticos internos
também é feito por outras seitas burocráticas dominadas por líderes absolutos,
tais quais a Revolutionary Workers League dos Estados Unidos (RWL). Jason
Wright, o membro da TBI atualmente sendo cotado como eventual sucessor da coroa
de lama de Riley, ele próprio um ex-membro da RWL, descreveu ter sofrido um
tratamento semelhante como resposta às suas críticas políticas (veja Letter
(circa 1998) by the IBT's Jason Wright documenting his leaving the
Revolutionary Workers League). Na
época, Wright apontou que “esse tipo de
coisa não corresponde ao funcionamento saudável de uma organização
revolucionária e, por si só (sem nem mesmo entrar no leque de desvios
programáticos da RWL) é suficiente para mostrar que ela não tem direito de
reivindicar o legado do trotskismo”. Com isso, ao menos, nós estamos de
pleno acordo.
É
claro que a liderança da TBI, contra a sua vontade, já está queimada aos olhos
do público em razão da forma como eles procuram lidar com aqueles que lhes
fazem críticas: veja Abuso
Burocrático na Tendência Bolchevique Internacional – que nós fortemente
recomendamos aos leitores. Este documento, entre outras coisas, relata a
tentativa de provocar, em um crítico interno da seção neozelandesa da TBI (o
PRG), “a reação de violência física de um
rato encurralado, que teria sido útil ao PRG para causar descrédito a Peter em
sua provável futura carreira de ‘especialista’ anti-PRG”. Bill Logan (o
segundo no comando da TBI) respondeu a alguns camaradas que não gostaram de
suas tentativas de difamar e conspirar contra um membro crítico de seus métodos
burocráticos dizendo que “Minha sensação
pessoal é que os camaradas estão sendo um pouco críticos demais de mim, um
pouco escrupulosos demais sobre a maneira apropriada com a qual a luta política
deve ser conduzida”. Qualquer que seja a acusação que alguém possa fazer
contra a TBI, certamente, ter escrúpulos demais não é uma delas.
Nenhuma
destas práticas é nova. Em anos melhores, a TBI descreveu métodos similares
utilizados pela Liga Espartaquista para não responder às suas críticas.
“Nós prevemos que vocês não irão
publicar esta carta na sua totalidade. Fazer isto significaria confirmar ou
negar por escrito as acusações acima; fazer qualquer uma das duas coisas iria
ser igualmente desastroso para a reputação da liderança da SL. Negá-las iria
contradizer a experiência de cada membro da SL ou simpatizante que viu a foto
de Jaruzelski [chefe da burocracia stalinista na Polônia] (em exposição por
meses no departamento de manutenção da sua sede nova-iorquina), que
contribuíram para comprar a casa de Robertson, que perderam muitas horas
construindo a sua sala de recreação ou instalando a sua banheira. Uma negação
direta iria expor a sua liderança como mentirosos cínicos e sem escrúpulos
diante de todos os membros e simpatizantes.”
“Se, por outro lado, vocês
confirmarem essas alegações, e disserem que, como cabeça de uma suposta
organização marxista, Robertson tem todo o direito de desfrutar de um estilo de
vida com privilégios materiais à custa dos seus membros, e que Jaruzelski
merece um lugar de honra nas suas paredes, vocês deixariam para sempre de poder
ser levados a sério em sua reivindicação de ser uma organização trotskista, e
revelariam a si próprios ao mundo como a seita personalista degenerada que se
tornaram. Seria então bastante improvável que qualquer ser humano racional
algum dia fosse querer apoiar a Liga Espartaquista.”
“Vocês, portanto, vão se esconder
atrás da única brecha possível nesse momento: desviar a atenção das acusações
criando confusão e difamando quem faz as críticas. Um gangster qualquer pode
tentar impugnar a reputação de uma testemunha contrária a ele dizendo que é um
estuprador ou viciado em drogas; vocês respondem ao testemunho da Tendência
Bolchevique com uma bateria de epítetos especificamente elaborados para nos
descreditar aos olhos de militantes da esquerda e dos trotskistas: renegados
antissoviéticos, burocratas sindicais, racistas, agentes provocadores, etc. E
somente para o caso de estes termos específicos não terem o efeito desejado,
mais algumas acusações – por exemplo, ‘pequenos bandidos’ – a são lançadas para
este propósito. Estas táticas – todas na pior tradição de Gerry Healy e David
North – deveriam lavar os leitores mais atentos de Workers Vanguard [jornal da
SL] a se perguntarem: ‘Por que alguém deveria acreditar em James Robertson?’”.
1917 nº8, 1990
Um
documento ainda mais antigo descrevia uma tentativa da SL de conspirar contra
um membro fundador da TBI para desacreditá-lo:
“O longo histórico de [Bob]
Mandel como um proeminente militante de esquerda na Área da Baía de São
Francisco foi um grande trunfo para a regional da SL por todos os anos em que
ele foi apoiador do grupo. Hoje, entretanto, ele é uma ameaça para Robertson e
companhia, e, portanto, se tornou um alvo de alguns ataques particularmente
desagradáveis por parte da liderança da SL.”
“Na época, Mandel estava em meio
a uma crise pessoal/financeira decorrente de seus longos anos na lista negra do
ILWU [sindicato de trabalhadores do porto]. Ele também estava perturbado e
bastante abalado pela perspectiva de sair da tendência política à qual havia
devotado sua vida. Mandel fez tudo o que pôde para provar sua lealdade à
organização. Foi-lhe apresentada uma declaração, escrita por Al Nelson. A
declaração parecia com uma confissão estilo FBI. Ela começava dizendo ‘Eu, de
livre e espontânea vontade, admito as seguintes declarações como sendo verdades
e compreendo que elas serão arquivadas como declarações confidenciais pelo
Comitê Central da Liga Espartaquista... ’. Essa ‘confissão’ ridícula era
composta de algumas alegações bastante bizarras, assim como várias outras
declarações, algumas das quais eram verdade, e foi feita com a intenção de ser
usada para descreditar Mandel publicamente no futuro. Ao assiná-la, ele
encontrou-se numa situação sem saída que desde então a liderança da SL tem
buscado explorar. Mandel certamente cometeu um grande erro ao assinar cegamente
tal ‘confissão’, mas o incidente como um todo lança uma luz desagradável sobre
as práticas rotineiras da liderança da SL.”
Bulletin
of the External Tendency of the iSt nº3, 3/5/1984
Sam quem?
De
forma interessante, o balanço também prefere não mencionar nem o “Reagrupamento
Revolucionário” e nem “Samuel Trachtenberg” pelos seus nomes, termos que iriam
facilmente levar a respostas em sites de busca. Ao invés disso, o balanço só se
refere a “Sam T.”.
Pelas
circunstâncias, a TBI é forçada a reconhecer a nossa existência para aqueles
que já nos conhecem, enquanto ao mesmo tempo tenta fazê-lo de uma maneira que
obscurece a identidade de nosso grupo para os leitores, para o caso de estes
serem curiosos o suficiente para desejar ler o que nós dizemos a respeito disso
tudo. Essa é a compreensão que Tom Riley tem de “esperteza tática”. Um antigo associado
da TBI notou que sem dúvida o gatuno multimilionário Bernie Maddoff caracterizou
o que fez usando termos similares. Tais jogadas óbvias, combinadas com uma
personalidade cínica exageradamente transparente, são indicações do porquê de o
líder absoluto da TBI ter sido chamado, entre aqueles que o conheceram, de
“vendedor de carros usados do trotskismo”.
Intimidação
O
outro propósito da acusação de ser “problemático” é uma tentativa de fazer uma
intimidação implícita para forçar o Reagrupamento Revolucionário ao silêncio a
respeito da corrupção antisocialista da liderança da TBI, sob a pena de forçar
a discussão de áreas sensíveis da vida pessoal de Trachtenberg. Isso foi
previamente tentado em uma carta escrita em 9 de fevereiro de 2011 enviada ao
Coletivo Lenin e a Trachtenberg logo após o CL romper relações com a Tendência
Bolchevique Internacional e estabelecer relações com o Reagrupamento
Revolucionário (veja a declaração
de dezembro de 2010).
“Nós não havíamos informado
anteriormente a vocês sobre a saída de Sam da TBI, ou da sua tentativa de
projetar a si próprio como uma ‘organização adversária’ (através do seu
website), porque nós consideramos isso praticamente um evento sem importância e
buscamos evitar discussões públicas dos severos problemas pessoais que nós
acreditamos que acompanham a trajetória política dele.”
“Nós não fazemos a menor ideia do
que poderia levar vocês a imaginar que Sam foi ‘escorraçado’, ou que a sua
condição de membro foi ‘transformada em uma ficção’. Nunca houve tentativas de
explorar os problemas pessoais/psicológicos que tornam impossível para ele ter
um emprego, sair de casa ou fazer várias outras coisas que são normais para
pessoas com trinta e poucos anos. Nós tentamos ajuda-lo até onde pudemos, mas
não há dúvida de que problemas de saúde/mentais impactavam o seu funcionamento
no grupo, como ele próprio admitiu em várias ocasiões.”
“Sam nos apresentou o difícil
problema de tentar lidar com um quadro talentoso que desenvolveu diferenças
políticas/organizativas que são, ao menos em parte, um resultado de sua própria
frágil condição mental/emocional.”
Nós
acreditamos que isto deixa bem claro que tais tentativas de explorar esta
questão realmente ocorreram, durante e depois. Isto seria especialmente
escandaloso para a TBI, tendo em vista o bem conhecido histórico de Bill Logan
como um ex-dirigente espartaquista que está repleto do uso exploratório de tais
detalhes das vidas pessoais de camaradas – que incluíram levar um membro de
base dos espartaquistas à tentativa de suicídio. Como demonstra um documento
previamente citado (Abuso
Burocrático na Tendência Bolchevique Internacional), nada disso mudou
qualitativamente apesar das afirmações de Logan de ser uma pessoa diferente
depois de entrar na TBI. Logan e seu ventríloquo Riley obviamente compartilham esse
e muitos outros traços com burocratas corruptos de períodos passados.
Nós
vamos esclarecer estas questões.
Como
previamente notado, Sam Trachtenberg sofre de depressão há muitos anos. Isto
não faz dele insano, “problemático”, nem incapaz de reconhecer a realidade e
fazer julgamentos políticos racionais. A TBI não teria considerado ele um
membro de alto nível, que também escreveu muitos dos seus documentos por vários
anos, se isso fosse verdade. A liderança da TBI também não teria permitido que
muitos membros da TBI, que também tem um histórico de depressão (e que já sabem
o que esperar se algum dia no futuro levantarem divergências), permanecessem
dentro da organização se ela realmente acreditasse nisso. A realidade é que
eles não acreditam nessas acusações, mas estão simplesmente usando-as como uma
ferramenta de intimidação e de guerra psicológica.
Há
vários anos, Sam Trachtenberg também foi forçado a deixar seu trabalho e a abandonar
a faculdade depois de ficar doente, ao adquirir uma condição médica rara e
possivelmente fatal se não tratada e que não foi diagnosticada por muitos anos.
Nós não acreditamos que uma condição de invalidez e de desemprego faça com que
alguém não seja capaz de ser um revolucionário ou que não seja capaz de fazer
escolhas políticas racionais e inteligentes. Nós acreditamos que o restante da
esquerda também compartilhe de nossa opinião.
Sam
Trachtenberg, como alguns que o conhecem na esquerda já sabem, também tem um
progenitor que é severamente doente desde que ele era jovem.
Enquanto
discutir forçosamente detalhes sensíveis da vida pessoal de alguém diante do
público é desconfortável, nenhuma dessas coisas é, sob qualquer aspecto,
escandalosa ou antiética, ao contrário de muitos aspectos da vida pessoal (para
não mencionar política/organizativa) dos dirigentes da TBI.
Já
que nós estamos no assunto, nós gostaríamos de perguntar qual tipo de emprego a
liderança da TBI acha que Trachtenberg deveria ter ou ter tido (e antes de se
tornar doente ele teve vários). Seria como o emprego que Jason Wright (nome de
partido) teve por alguns anos trabalhando numa posição administrativa para o
Departamento de Segurança Nacional no estado de Nova York? Aquele que ele foi
encorajado por Riley a aceitar e que a liderança da TBI via como uma posição
temporária útil para subir na escala do serviço público e que também deveria
ser mantida em segredo do público de esquerda? Não, nem Sam Trachtenberg nem
nenhum outro membro presente ou futuro do Reagrupamento Revolucionário nunca
teve ou vai ter um emprego como esse.
As tentativas da TBI de nos
silenciar não vão dar certo!
Crise em Toronto
O
balanço da TBI faz menção a um proeminente camarada de Toronto que deixou o
grupo para se tornar um ativista anarquista em um grupo plataformista local.
Ele, entretanto, não faz nenhuma menção às razões por trás da sua decisão de
deixar o grupo (veja “Brandon
Gray's Resignation Letter” 17/7/2010).
Enquanto os pontos em cima do quais ele imediatamente rompeu eram relacionadas
a questões táticas envolvendo os protestos contra o G-20 em 2010 (questões
essas sobre as quais nós não estamos em posição de tomar partido devido à nossa
distância) fica claro, através da sua carta de ruptura, que essas questões
foram apenas o estopim relacionado a uma crítica mais ampla que se desenvolvia
a respeito da degeneração da TBI. Isto inclui uma atitude aristocrática e
esnobe de desprezo com relação a jovens militantes por parte da liderança da
TBI, e que busca na Academia elementos mais respeitáveis (e também mais
organizativamente passivos diante de intimidação burocrática). (Um bom exemplo
disso é a Platypus Affiliated Society, pela qual a TBI recentemente cruzou os
Estados Unidos para poder palestrar em seus painéis). Como muitos que
testemunharam a corrupção burocrática em seitas pseudo-leninistas, Brandon Gray
acabou concluindo incorretamente que as raízes da burocratização da TBI estão
em sua reivindicação do bolchevismo.
Também
está claro que a sua decisão de deixar a TBI foi provocada por testemunhar o
tipo de corrupção que é descrita na carta de rompimento de Sam Trachtenberg.
Aqui citaremos longamente trechos que descrevem a situação interna:
“Eu entrei formalmente na TBI na
primavera de 2009, depois de ter sido um simpatizante e trabalhado com o grupo
por dois anos em Toronto. O alto nível de formação programática ganhou minha
confiança e respeito apesar do pequeno tamanho do grupo em comparação com
outros. Entretanto, quando a carta de rompimento de Sam Trachtenberg em Nova
Iorque chegou até mim, eu tomei algum tempo para investigar esse caso e atrasei
minha decisão de me tornar um membro pleno. As críticas políticas levantadas
por Sam nunca me foram explicadas. Ao invés disso, ataques pessoais foram
feitos contra a credibilidade dele. A sua saúde pessoal foi brutalmente
explorada e distorcida para poder descreditá-lo e para evitar responder
qualquer uma de suas críticas. Incapaz de reconhecer estes ataques como o que
eram na época, eu resolvi pedir para tornar-me membro e, depois de ser aceito,
eu informei o fato de que tinha dado uma boa olhada no caso de Sam antes de
tomar minha decisão de entrar. Disseram-me que ele era paranoico e delirante, e
que tinha sido uma boa ideia ele ter saído, já que a liderança teria tido um
trabalho muito maior tendo que pô-lo para fora. Eu lamento não ter decidido
entrar em contato com Sam na época para ouvir o seu lado da história sobre o
rompimento, mas, em minha defesa, meus laços pessoais com os camaradas mais
jovens do TBT [núcleo de Toronto da TBI] me influenciaram a deixar esta questão
para trás, apesar de eu manter minhas suspeitas no fundo da mente para um dia
em que mais informações viessem a tona.”
“Em uma reunião do núcleo em 15
de abril de 2010, foi sugerido que um camarada mais ou menos com o meu perfil
em termos de pouco relacionamento com Sam se tornasse ‘amigo’ dele em uma rede
de relacionamento na internet, com o objetivo de monitorá-lo e repassar
informação para a liderança. Eu fui a única pessoa a comentar sobre esse ponto,
declarando que eu, de fato, fosse talvez o mais indicado para esse trabalho,
mas que não me sentia confortável para tal; que isso soava como desonesto e
errado. Riley meramente deu de ombros e descartou minhas objeções dizendo que
não era algo tão ruim e que eu não deveria ter problemas com isso. Este foi
outro lado estranho da organização ao qual eu respondi com receio. Poderia
Samuel Trachtenberg estar descrevendo precisamente o funcionamento interno do
meu grupo? O fundamento deste caso havia crescido com o tempo e agora um
exemplo concreto de práticas de liderança pouco saudáveis me havia sido
demonstrado. Eu devo hoje concluir que uma campanha nojenta de mentiras e
calúnias foi usada contra Sam com o objetivo de jogá-lo para fora do grupo
depois de ele ter feito várias críticas corretas à liderança. Eu hoje concordo
com as críticas de Sam e estimulo aos camaradas para que olhem para estas
críticas de olhos abertos.”
“Como todos na TBI sabem, a
quantidade de membros tem caído continuamente desde que Sam, de Nova York,
deixou o grupo. A saída de vários apoiadores de longa data, como L. em Nova York,
e a rejeição da tentativa de W. de se transferir para o nosso núcleo, foram
simplesmente ignoradas porque eles eram ‘velhos’ e ‘inúteis’. Uma explicação
política apropriada não foi dada. Nosso núcleo de Londres é constantemente
atacado por razões que não me parecem justas. Mais recentemente, foi-nos
anunciado que nós deveríamos esperar a ‘provável’ perda de A. na Irlanda, que é
uma camarada experiente do grupo e provavelmente um dos mais ativos em termos
de se adaptar a realidades táticas e de funcionar de forma proativa. Eu
reconheci na época que não era acidente que outro dos nossos camaradas mais
ativos, engajados e menos abstencionistas, que estava operando longe da
supervisão direta de Riley ou de Logan, havia se tornado um alvo para ser posto
para fora. O único valor de deste camarada, de acordo com o nosso líder local e
internacional, era que ele era um dos poucos camaradas que podiam manter o
site, e portanto, ele seria mantido enquanto fosse conveniente. Também não é
coincidência que ele foi o único que apoiou-me quando levantei minhas
críticas.”
“Depois de recrutar um par de
membros nos anos recentes, em grande parte devido a intervenções dos seus
camaradas mais jovens, o núcleo de Toronto está agora regredindo em tamanho e
em toda a parte nosso número de membros continua a diminuir sob o fardo de uma
liderança burocrática. Inúmeras discussões com contatos cessaram depois de
terem inicialmente se mostrado promissoras e parece haver pouca expectativa de
ganhar militantes de esquerda em Toronto para o grupo num futuro previsível.
Nossa performance durante os protestos do G-20 só tornaram nossas perspectivas
ainda piores.”
“Algum tempo depois, quando foi
indicado que discussões de fusão com um grupo de contatos na América Latina [o
Coletivo Lenin] provavelmente não iriam dar certo porque os contatos haviam
exigido que fizéssemos o que nossa liderança descreveu como ‘entrismo em organizações
como a OCAP’ [organização assistencialista que atua em Toronto], eu tive minhas
dúvidas se isso era inevitável. Como um membro de base da TBI, eu nunca tive
acesso a discussões com estes camaradas, e novidades sobre o nosso progresso
com eles só vinham através dos nossos membros mais velhos, que constantemente
os descreviam menos como revolucionários dedicados e mais como crianças
ingênuas com ideias bobas em suas cabeças, apesar do fato de que eles operavam
sob condições muito mais difíceis que as nossas. Isso é uma repetição ainda
mais burocrática da forma com a qual a nossa liderança estragou oportunidades
de fusão como essa no passado.”
“É incrível o quanto da carta de
rompimento com a Liga Espartaquista, de HK,
um de nossos camaradas mais antigos, se aplica bem a essa situação:”
“‘Por quase um ano eu tenho me
aproximado da conclusão de que distorções na liderança das seções, núcleos e colaterais
se desenvolveram e amadureceram – ao menos em parte devido a uma vida interna
caracterizada por um regime defensivo e hierárquico, combinado com um método
personalista jesuítico, de discussão e debate interno. Esse processo foi elevado
na SL/SYL [juventude da Liga Espartaquista] ao ponto em que os seus membros são
‘verdadeiros crentes’ ou cínicos. Eu suspeito que os incidentes de
incompetência política e tática na SL estão conectados com essa deterioração da
vida interna. Eu acredito que a liderança central conscientemente e cinicamente
concluiu que os membros da SL são politicamente e pessoalmente fracos demais
para permitir mesmo a menor discordância com a liderança. Há uma equação
aritmética implícita: desacordo com a liderança é igual a hostilidade à
liderança, que é igual a deslealdade, que é igual a traição. Se levada adiante,
essas tendências farão a SL vir a se parecer menos com uma organização
proletária principista e combativa, e mais uma seita política hierárquica e teocrática.’
‘Quando críticos internos, lutando para criticar construtivamente e para melhorar a organização, são marcados como traidores, e calúnias apolíticas são usadas para desacreditá-los, revolucionários honestos não podem permanecer em silêncio.’”
‘Quando críticos internos, lutando para criticar construtivamente e para melhorar a organização, são marcados como traidores, e calúnias apolíticas são usadas para desacreditá-los, revolucionários honestos não podem permanecer em silêncio.’”
(...)
“Se a história se repete, na
primeira vez como tragédia e na segunda como farsa, então o que podemos dizer
da terceira ou quarta vez? No mínimo há um padrão nocivo ocorrendo que e se
estende da TBI à SL. Líderes vitalícios e permanentes se elevam para dominar as
organizações que eles criaram e às quais eles querem carregam com eles para o
túmulo. Este é um problema que não pode ser simplesmente remediado criando uma
nova cópia do velho grupo.”
“Tristemente, nosso
desenvolvimento como uma organização saída da escola partidária de Robertson
seguiu o mesmo trajeto conforme cada desafio potencial à liderança de Riley e
Logan caiu nas últimas décadas. Enquanto Robertson tinha seu estilo, seus
rebentos carregam a tradição de manipulação e manobras desleais com o seu
próprio estilo pessoal de ‘sanções informais’ e armações por trás dos panos
contra seus oponentes para manter o controle sobre o grupo. Enquanto o grupo de
Robertson tentou parcialmente romper sua marginalização no início dos anos
1970, o nosso grupo em si não o fez e, depois de quase 3 décadas, as nossas
publicações estão amaldiçoadas com o mesmo intervalo e atraso que eram comuns
nos primeiros anos da Liga Espartaquista, conforme o controle e monopólio pela
liderança até mesmo dos menores detalhes da vida organizativa sufocou e asfixiou
a habilidade de novos camaradas de aprender e se desenvolver.”
“Já passou muito o tempo de cada
camarada honesto levantar a voz contra essa degeneração organizativa dentro da
Tendência Bolchevique Internacional. Eu espero que eu não seja o último a fazê-lo.”
Brincando de Espião
Um
elemento da degeneração da TBI que é levado em consideração na carta de Brandon
está enraizado na compreensão distorcida da Liga Espartaquista sobre
reagrupamento revolucionário e a luta contra o revisionismo, baseada
parcialmente em um entendimento distorcido e exagerado da experiência do “giro
francês” (ou entrismo). Essa orientação se resume em uma política de
guerra/espionagem com relação a todos os outros grupos na esquerda:
“Em uma reunião do núcleo em 15
de abril de 2010, foi sugerido que um camarada mais ou menos com o meu perfil
em termos de pouco relacionamento com Sam se tornasse ‘amigo’ dele em uma rede
de relacionamento na internet, com o objetivo de monitorá-lo e repassar
informação para a liderança...”.
Nossa
compreensão de reagrupamento revolucionário é que, junto com fusões, muitos
elementos dele também irão incluir rachas baseados em lutas por clareza
programática. No que diz respeito à SL e a TBI, entretanto, suas práticas foram
descritas por outros, como o grupo Workers Power:
“Há duas distorções do conceito
de grupo de propaganda combativo aqui. Primeiro, o grupo de propaganda é
descrito como um estágio durante o qual a principal tarefa é ‘destruir’ outros
grupos. Perceba a escolha de palavras. Os espartaquistas não buscam ganhar
centristas girando à esquerda para o comunismo, mas destruí-los. Essa
perspectiva leva caracteristicamente a manobras politicamente desleais e a
provocações.”
As
provocações desleais envolvem, dentre outras coisas, mandar agentes se
infiltrarem em outras organizações (diferente de abertamente entrar em grupos
que permitam várias tendências, como em um entrismo) e usar uma variedade de
fraudes para arrancar informação ou confundir para rachar seus oponentes. Uma
vez que, em períodos de isolamento, como descrito por Marx e Engels [1], infelizmente tais práticas tendem
a florescer na esquerda, a TBI e a SL não são os únicos grupos a fazer esse
tipo de coisas. Isso nos leva a desenvolver algumas demarcações em cima de
linhas organizativas ao invés de programáticas, já que pessoas na esquerda se
sentem incapazes de confiar umas nas outras e isso impede que discussões e
debates aconteçam. Isso destrói, ao invés de ajudar a criar possibilidades de
reagrupamento em torno de importantes questões programáticas. Isso faz com que
surjam relações espetaculares entre grupos na esquerda, que se relacionam como
na tirinha cômica “Espião contra espião” (“Spy vs. Spy”) da Mad Magazine. Isso
também tende a se generalizar quando as lideranças desses grupos
inevitavelmente usam os mesmos métodos internamente para manter o controle.
Isso também aconteceu amplamente dentro da SL e da TBI.
Brandon
teve princípios para rejeitar tal tipo de serviço sujo. Outros na TBI não
tiveram. Um exemplo um pouco mais público disso na história da TBI se relaciona
com o recrutamento do Grupo de Educação Marxista (MEG) de Albany, Estados
Unidos, em 1998, e que foi descrito com grande alarde. O balanço da sua Segunda
Conferência Internacional da TBI (em uma seção intitulada “Dois, Três, Muitos
MEGs!”) descreveu o processo da seguinte forma:
“No começo de 1998 o MEG contatou
ambos a TBI e o Grupo Internacionalista (liderado pelo antigo líder e editor da
SL, Jan Norden). Isso levou a uma série de discussões com ambos os grupos de
forma verbal e escrita, com foco na questão russa, a questão da greve geral, e
a história da degeneração política da SL. No fim, os camaradas concluíram que a
TBI era a mais consistente representante da herança programática revolucionária
da TR e da antiga SL.”
1917 n°21, 1999
Também
em um boletim especial dedicado ao Grupo Internacionalista [2]:
“Inicialmente os camaradas do MEG
pensavam que a TBI e o IG discordavam meramente sobre a cronologia precisa da
degeneração da SL, mas eles gradualmente passaram a ver que questões mais
substanciais estavam envolvidas.”
Set. 1999
O
problema com essa descrição aparentemente inocente é que ela é mentirosa. O que
realmente aconteceu foi que o MEG foi primeiramente recrutado para a TBI e depois
se aproximou do IG fingindo ser um grupo “independente” querendo investigar as
diferenças entre a TBI e o IG. Durante todo o tempo, Riley estava vangloriando-se
com bastante brilho sobre “enganar Norden como um patinho”. É duvidoso que o IG
tenha sido ingênuo o bastante para não saber o que a TBI estava fazendo. Também
está claro que quaisquer que fossem as possibilidades de fusão que existissem,
foram destruídas por tais “táticas espertas”.
No
fim, isso deu à TBI alguma publicidade fracional por ter um grupo de
independentes escolhendo-a depois de investigar seriamente ela e o IG. Isso foi
parcialmente verdade, exceto pelo fato de que o grupo fez essa investigação e
escolheu a TBI antes de contatar o IG como agentes da TBI fingindo ser
“independentes”.
Tais
práticas foram anteriormente descritas pela SL enquanto discutia o grupo
britânico de Gerry Healy, como uma forma de:
“usar a lealdade dos membros aos
ideais professados de socialismo para torna-los cúmplices em crimes contra seus
próprios camaradas e os camaradas de outros grupos.”
Aqueles
que aceitam serem cúmplices se prendem muito mais firmemente àquele por quem se
está cometendo o crime, na prática se queimando com os outros grupos na
esquerda ao usar tais métodos. Não é acidental que o trotskismo jamais teve
nada além de desprezo pelos infiltrados da GPU que os stalinistas usavam contra
eles.
O Sr. “Esperteza Tática” ataca
novamente
O
balanço da TBI não dá a menor explicação sobre o porquê de ela ter perdido
talvez a sua melhor oportunidade de reagrupamento em anos em um país importante
como o Brasil, exceto por algum tipo de conexão com o fato de Samuel
Trachtenberg ser “problemático”. Nós sugerimos aos leitores a declaração
do Coletivo Lenin
à época para uma explicação profunda sobre como, depois de três anos de
manobras e manipulações, o CL finalmente enxergou através da “esperteza tática”
da TBI.
Tragicamente,
após três anos tentando uma fusão com um grupo que eles tinham considerado ser
sinceramente revolucionário, mas descobriram ser o contrário, alguns membros do
CL deixaram o grupo enquanto outros que permaneceram se desmoralizaram e se
deixaram levar com a conclusão de um membro antigo de que o burocratismo e
desonestidade da TBI estavam enraizados na sua reivindicação de trotskismo. Um
documento da fração majoritária que surgiu depois do racha com a TBI declarou:
“Nos próximos
capítulos, mostraremos que é impossível formular uma estratégia certa para a
revolução mundial sem uma análise correta da decadência do capitalismo, e que
essa estratégia é bem diferente da concepção leninista-trotskista de pequeno
grupo que se torna, combatendo o reformismo das direções traidoras, um partido
de quadros que mobiliza as massas através de reivindicações transitórias rumo
ao poder. Ao mesmo tempo, veremos como a Quarta Internacional foi destruída,
não pelo revisionismo pablista, mas sim pela sua incapacidade de superar a
herança da estratégia leninista e sua visão sobre a revolução mundial
iminente.”
Mais
uma vez a TBI conseguiu ajudar a desacreditar o trotskismo com as suas
práticas.
Aqueles
membros do CL que foram primariamente responsáveis pela declaração
estabelecendo relações fraternais com o Reagrupamento Revolucionário lutaram
contra esta degeneração e são hoje o grupo do Reagrupamento Revolucionário no
Brasil.
O
que a não-explicação do balanço trás à mente é a última vez em que a TBI
destruiu as suas oportunidades de reagrupamento na América Latina, mais uma vez
devido à incontrolável inclinação do líder absoluto da TBI, Tom Riley, de
exercitar a sua “esperteza tática”. Uma não-explicação de avestruz semelhante
foi dada quando o balanço da Quarta Conferência Internacional da TBI relatou o
fracasso em recrutar um grupo de promissores camaradas argentinos:
“Um recuo menos público, porém
mais significativo, foi nossa falha em conseguir fundir com um grupo de
camaradas argentinos que aparentaram estar programaticamente muito próximos de
nós. Isso se deveu parcialmente a dificuldades linguísticas, mas um fator mais
importante era a distância em termos de cultura política expressa por eles acerca
das tarefas e prioridades de um microgrupo de propaganda. Em retrospectiva, nós
concluímos: ‘Dadas as nossas capacidades e recursos muito limitados não há,
obviamente, muito mais que nós pudéssemos ter feito para avançar com essa
colaboração, mas ela representa uma oportunidade perdida’.”
1917 nº28, 2006
Na
realidade, não houve diferenças “acerca das tarefas e prioridades de um
microgrupo de propaganda”. Já que o grupo argentino por essa época já havia
deixado de existir, a TBI se sentiu segura na sua mentira descarada, esperando
que ninguém fosse contradizê-la. As verdadeiras questões envolvidas eram menos
“políticas”.
Os
camaradas argentinos que estabeleceram relações com a TBI (e traduziram a maior
parte dos documentos da TBI disponíveis em espanhol) foram formalmente
convidados a participar da vida interna da TBI através da participação na sua
lista de discussão interna. Isso foi concebido como uma forma de acelerar o
processo de fusão. O que os gênios táticos da TBI decidiram nunca informar aos
argentinos foi que todos os membros da TBI foram postos sob disciplina para não
responderem a nada que eles escrevessem, e que, ao invés disso, a liderança
iria responder depois de se reunirem coletivamente. Supostamente estes
camaradas seriam estúpidos o bastante e não perceberiam que, enquanto as
postagens de membros da TBI rapidamente recebiam comentários de resposta,
ninguém respondia aos posts deles a
não ser Bill Logan muitos dias depois, depois de consultar o restante da
liderança e dando o que parecia muito mais uma declaração formal do que uma
resposta informal como todos os outros na lista recebiam. Aqueles, como Sam
Trachtenberg, que perceberam a crescente insatisfação dos argentinos, foram
repreendidos por responder aos seus posts
e a liderança insistiu que eles não tinham a menor ideia do que estava
acontecendo, apesar das suas exigências de que ou recebessem acesso pleno à sua
vida interna, como prometido, ou ao menos lhes dissessem a verdade sobre a
situação. Como previsto, os camaradas decidiram anunciar abruptamente a sua
decisão de romper todas as relações com a TBI sem apresentar nenhuma razão. O
que eles poderiam dizer afinal? Se eles apresentassem suas razões, as respostas
não iriam dizer nada sobre o que acontecia de fato e sim que eles estavam sendo
paranoicos. Isso teria simplesmente tornado o racha mais feio e raivoso depois
de os argentinos terem tido as suas inteligências insultadas. Eles preferiram
deixar a situação com alguma dignidade.
Nós
queremos indicar aos poucos elementos subjetivamente revolucionários na TBI que
este recente histórico aponta que, ao invés de serem gênios de “esperteza
tática”, os líderes da TBI são na verdade imbecis táticos. Que os seus métodos
burocráticos de brincar de espião efetivamente transformaram o que foi certa
vez um grupo promissor, em uma seita burocratizada, organizada desta vez em
torno de Tom Riley ao invés de Jim Robertson, Gerry Healy, Jack Barnes ou Bob
Avakian, etc. Uma liderança com tal criminosa ficha organizativa merece ser
expulsa e repudiada ao invés de ser ostentada acriticamente (ou sequer tolerada
de má vontade, por sinal). Se na realidade não existe nenhum mecanismo (quaisquer
que sejam as formalidades) entre o que hoje são os quadros mais velhos,
passivos e despolitizados para expulsar essa liderança, então chegou a hora de
reconstruir. O Reagrupamento Revolucionário está determinado a fazer
precisamente isso.
[Nota do RR — Jay Lovestone foi um dirigente do Partido Comunista dos Estados Unidos. Alinhado com a oposição de direita de Bukharin (então associada a Stalin) na Internacional Comunista, Lovestone esteve à frente das expulsões dos trotskistas nos anos 1920, inclusive de James Cannon. Posteriormente, com a virada do “Terceiro Período” stalinista e a perseguição à oposição de direita, os apoiadores de Lovestone também sofreram as perseguições burocráticas que haviam inaugurado no PC/EUA. A tradução foi realizada a partir da versão disponível em inglês em http://www.marxists.org]
Era opinião de todos que Lovestone era inescrupuloso em suas maquinações e intrigas sem fim; e em minha opinião todos estavam certos nesse ponto, embora a palavra “inescrupuloso” pareça de alguma forma um pouco branda para descrever as operações dele. Lovestone era completamente desonesto – como Foster, mas de um jeito diferente. Foster era parte do movimento dos trabalhadores e tinha uma noção de responsabilidade para com ele; e ele podia ser moderadamente honesto quando não havia necessidade de enganar ou mentir. A desonestidade de Foster era propositiva e utilitária, da qual uma pitada era acionada sem preocupação para atingir um objetivo. Lovestone, o sinistro estranho em nosso meio, parecia praticar maliciosamente fraudes para o seu próprio prazer.
Foi uma estranha virada do destino que trouxe esse personagem perverso para o nosso movimento dedicado ao serviço do nobre ideal das relações humanas. Nunca houve um homem mais destrutivamente estranho à nossa causa, na qual ele buscava uma carreira; ele era como uma célula anárquica de câncer penetrando no organismo do partido. O partido tem significado e justificação somente como a expressão consciente do austero processo da história, na qual a classe trabalhadora luta por sua emancipação, com todas as severas obrigações morais que tal missão impõe a seus membros. Mas Lovestone parecia ver o partido como um objeto de manipulação em um jogo pessoal que ele estava jogando, com um instinto não-natural para estragar as coisas.
Nesse jogo, que ele jogava com um frenesi quase patológico, ele não era impedido por nenhuma norma reconhecida de conduta das relações humanas, para não mencionar os efeitos que os seus métodos poderiam ter na moral e na solidariedade do movimento dos trabalhadores. Para ele a luta de classes dos trabalhadores, com seu incrível significado para o futuro da espécie humana, era na melhor das hipóteses um conceito intelectual; a luta fracional pelo “controle” do partido era a verdadeira questão, as verdadeiras razões da vida. O seu inimigo principal era sempre seu oponente fracional no partido ao invés de a classe capitalista e o sistema de exploração que ela representava.
O método fracional e a prática de Lovestone eram a sistemática deseducação do partido; cochichos de fofoca para colocar camaradas uns contra os outros; falsa interpretação e distorção das posições dos oponentes; demagogia desenfreada e incitação dos apoiadores fracionais até estes não saberem se estavam indo ou vindo. Ele tinha outros truques, mas eles eram todos da mesma ordem.
As opiniões dos líderes do partido uns sobre os outros naqueles dias variavam amplamente e nem sempre eram complementares, mas no fundo, apesar da dureza dos conflitos, eu acho que eles respeitavam uns aos outros como camaradas em uma causa comum, apesar de tudo. Lovestone, entretanto, não era confiável para ninguém e sua devoção à causa era amplamente posta em dúvida. Em círculos mais fechados, Foster apontou mais de uma vez que se Lovestone não fosse judeu, ele era o candidato mais provável para liderança de um movimento fascista. Essa era uma opinião bastante comum.
Apêndice: James Cannon sobre Jay Lovestone
[Nota do RR — Jay Lovestone foi um dirigente do Partido Comunista dos Estados Unidos. Alinhado com a oposição de direita de Bukharin (então associada a Stalin) na Internacional Comunista, Lovestone esteve à frente das expulsões dos trotskistas nos anos 1920, inclusive de James Cannon. Posteriormente, com a virada do “Terceiro Período” stalinista e a perseguição à oposição de direita, os apoiadores de Lovestone também sofreram as perseguições burocráticas que haviam inaugurado no PC/EUA. A tradução foi realizada a partir da versão disponível em inglês em http://www.marxists.org]
Era opinião de todos que Lovestone era inescrupuloso em suas maquinações e intrigas sem fim; e em minha opinião todos estavam certos nesse ponto, embora a palavra “inescrupuloso” pareça de alguma forma um pouco branda para descrever as operações dele. Lovestone era completamente desonesto – como Foster, mas de um jeito diferente. Foster era parte do movimento dos trabalhadores e tinha uma noção de responsabilidade para com ele; e ele podia ser moderadamente honesto quando não havia necessidade de enganar ou mentir. A desonestidade de Foster era propositiva e utilitária, da qual uma pitada era acionada sem preocupação para atingir um objetivo. Lovestone, o sinistro estranho em nosso meio, parecia praticar maliciosamente fraudes para o seu próprio prazer.
Foi uma estranha virada do destino que trouxe esse personagem perverso para o nosso movimento dedicado ao serviço do nobre ideal das relações humanas. Nunca houve um homem mais destrutivamente estranho à nossa causa, na qual ele buscava uma carreira; ele era como uma célula anárquica de câncer penetrando no organismo do partido. O partido tem significado e justificação somente como a expressão consciente do austero processo da história, na qual a classe trabalhadora luta por sua emancipação, com todas as severas obrigações morais que tal missão impõe a seus membros. Mas Lovestone parecia ver o partido como um objeto de manipulação em um jogo pessoal que ele estava jogando, com um instinto não-natural para estragar as coisas.
Nesse jogo, que ele jogava com um frenesi quase patológico, ele não era impedido por nenhuma norma reconhecida de conduta das relações humanas, para não mencionar os efeitos que os seus métodos poderiam ter na moral e na solidariedade do movimento dos trabalhadores. Para ele a luta de classes dos trabalhadores, com seu incrível significado para o futuro da espécie humana, era na melhor das hipóteses um conceito intelectual; a luta fracional pelo “controle” do partido era a verdadeira questão, as verdadeiras razões da vida. O seu inimigo principal era sempre seu oponente fracional no partido ao invés de a classe capitalista e o sistema de exploração que ela representava.
O método fracional e a prática de Lovestone eram a sistemática deseducação do partido; cochichos de fofoca para colocar camaradas uns contra os outros; falsa interpretação e distorção das posições dos oponentes; demagogia desenfreada e incitação dos apoiadores fracionais até estes não saberem se estavam indo ou vindo. Ele tinha outros truques, mas eles eram todos da mesma ordem.
As opiniões dos líderes do partido uns sobre os outros naqueles dias variavam amplamente e nem sempre eram complementares, mas no fundo, apesar da dureza dos conflitos, eu acho que eles respeitavam uns aos outros como camaradas em uma causa comum, apesar de tudo. Lovestone, entretanto, não era confiável para ninguém e sua devoção à causa era amplamente posta em dúvida. Em círculos mais fechados, Foster apontou mais de uma vez que se Lovestone não fosse judeu, ele era o candidato mais provável para liderança de um movimento fascista. Essa era uma opinião bastante comum.
NOTAS
[1] “Peço-lhe ainda para ter algum
cuidado com todas as pessoas que estão em ligação com Bakunin. É uma
propriedade de todas as seitas manterem-se firmemente unidas e intrigarem: pode
estar certo de que tudo o que v. lhes comunicar segue imediatamente
para Bakunin. Um dos seus princípios fundamentais é que cumprir promessas e
outras coisas do gênero são preconceitos puramente burgueses que o verdadeiro
revolucionário tem de tratar sempre com desprezo no interesse da causa. Na
Rússia, ele diz isto abertamente, na Europa ocidental é uma doutrina secreta.”
(Carta
de Engels a Theodor Cuno,
24 de Janeiro de 1872).
[2] O IG de Jan Norden dirige a
organização internacional da qual faz parte a Liga Quarta-Internacionalista do
Brasil (LQB).