Dia Internacional da
Mulher:
Um Feriado Proletário
[O
presente artigo foi originalmente publicado em Women and Revolution
nº 8 (outono de 1975), periódico da então revolucionária Liga Espartaquista dos
EUA. Sua tradução para o português foi realizada pelo Reagrupamento
Revolucionário em 2014.]
Por mais que feministas burguesas
comemorem essa data, o 8 de março – Dia Internacional da Mulher – é um feriado dos trabalhadores. Sua origem remonta a 1908, quando operárias
têxteis do Lower East Side de Manhattan [Nova York] marcharam em prol de demandas
como “por jornada de trabalho de 8 horas”, “pelo fim do trabalho infantil” e
“voto feminino”, e foi adotado oficialmente pela Segunda Internacional em 1911.
O Dia Internacional da Mulher foi
comemorado pela primeira vez na Rússia, em 1913, onde ele foi largamente
divulgado nas páginas do jornal bolchevique Pravda,
e popularizado através de discursos proferidos em vários clubes e sociedades
controladas por organizações bolcheviques, que apresentaram uma análise marxista
da opressão à mulher e o programa para sua emancipação.
No ano seguinte, os Bolcheviques fizeram
agitação em prol do Dia Internacional da Mulher não só nas páginas do Pravda (então publicado sob o nome Put’ Pravdy), mas também realizaram
preparações para publicar um jornal especial, lidando com a questões da
libertação da mulher na Rússia e internacionalmente. Ele foi nomeado Rabotnitsa (A Mulher Trabalhadora) e seu primeiro número foi agendado para
aparecer em 1914, no Dia Internacional da Mulher.
As preparações para o feriado eram feitas
sob as mais árduas condições. Pouco antes do tão esperado dia, todo o comitê
editorial do Rabotnitsa – a exceção
de um membro – foi preso pela polícia czarista, bem como outros Bolcheviques
que haviam feito agitação em prol do Dia Internacional da Mulher nas fábricas
de São Petesburgo. Apesar dessas prisões, os Bolcheviques seguiram com suas
preparações. Anna Elizarova – irmã de Lenin e a única do comitê editorial que
havia escapado de ser presa – publicou sozinha o primeiro número de Rabotnitsa em 8 de março (ou, de acordo
com o antigo calendário russo, 23 de fevereiro). Clara Zetkin, uma figura de
liderança da Social Democracia alemã e do movimento internacional de mulheres
trabalhadoras, escreveu:
“Saudações pela sua corajosa decisão de
organizar o Dia da Mulher, congratulações por não ter perdido a coragem e não
ter se resignado a sentar com suas mãos fechadas de raiva. Nós estamos com
você, de coração e alma. Você e seu movimento serão lembrados em inúmeras reuniões
organizadas para o Dia da Mulher na Alemanha, Áustria, Hungria e América.”
– Citado em A. Artiukhina ,
“Proidennyi Put”, Zhenschina v
revoliutsii.
A mais importante celebração já realizada
no Dia Internacional da Mulher ocorreu em Petrogrado, em 8 de março de 1917,
quando operárias têxteis dessa cidade lideraram uma greve de mais de 90 mil
trabalhadores – uma greve que sinalizou o fim da velha dinastia de 300 anos dos
Romanov e o começo da Revolução Russa. Uma semana depois, o Pravada comentou:
“O primeiro dia da revolução – foi o Dia
da Mulher, o dia da Internacional das Mulheres Trabalhadoras! Viva a
Internacional! As mulheres foram as primeiras a desafiar as ruas de Petrogrado
naquele dia.”
Conforme as posições das mulheres
trabalhadoras se degeneraram sob Stalin e seus sucessores, como fruto da
degeneração do Estado operário soviético como um todo, o Dia Internacional da
Mulher passou de um dia internacional de solidariedade proletária em um ritual
vazio, no qual, à semelhança do Dia das Mães nos EUA, glorifica o papel
tradicional da mulher dentro da família.
Mas o Dia Internacional da Mulher não é
uma celebração da maternidade nem da fraternidade feminina; ignorar esse fato é
ignorar os aspectos mais significantes de sua história e propósito, que era fortalecer as fileiras do
proletariado revolucionário. Diferentemente dos Mencheviques de antes da
guerra, que queriam conciliar com as feministas de sua época ao limitar a
celebração do Dia Internacional da Mulher a apenas mulheres, os Bolcheviques insistiram
que ele deveria ser um feriado das mulheres trabalhadores e dos homens
trabalhadores, juntos em
luta. Como escreveu Nadezhda Krupskaya no principal artigo do
primeiro número de Rabotnitsa:
“O que unifica as mulheres trabalhadores
com os homens trabalhadores é mais forte do que aquilo que os divide. Eles são
unidos pela sua comum falta de direitos, pelas suas necessidades comuns, pelas
suas condições comuns, que são sua luta e seus objetivos comuns... A
solidariedade entre os homens trabalhadores e as mulheres trabalhadoras, a
atividade comum, o objetivo comum, a via comum para esse objetivo – tal é a
solução da questão “feminina” entre os trabalhadores.”
Hoje em dia o programa bolchevique para a
completa emancipação da mulher é levado adiante pela Liga Espartaquista. Nós
temos orgulho de publicar a verdadeira história do Dia Internacional da Mulher,
uma parte da nossa herança revolucionária, e nós vamos celebrá-lo com fóruns
públicos através do país, apresentando a análise marxista da opressão à mulher
e o programa e estratégia para esmagá-la.
Conforme aprofundarmos nossa influência na
classe trabalhadora, nós olhamos adiante para comemorarmos o Dia Internacional
da Mulher não só através da disseminação de propaganda, mas também através da
deflagração das atividades de grande escala tradicionalmente associadas com
esse feriado proletário – greves gerais,
insurreições, revolução!
Rumo à uma Seção Feminina da Quarta
Internacional Renascida!
Pela libertação das mulheres através da Revolução Proletária Internacional!
Pela libertação das mulheres através da Revolução Proletária Internacional!