Leon Trotsky sobre
Otimismo e Pessimismo,
Sobre o século XX e muitas outras coisas
O pequeno trecho a seguir, escrito em 1901 por um jovem Leon Trotsky, foi reimpresso como introdução à primeira edição da revista Revolutionary Regroupment (EUA, segundo trimestre de 2010). Ele é simbólico da determinação da revista de ser bem sucedida em seu esforço e na sua confiança fundamental na capacidade da classe trabalhadora de quebrar as correntes de opressão e inaugurar um novo capítulo na história da humanidade. Sua tradução para o português foi realizada por Rodolfo Kaleb e Leandro Torres em 2011. Ele também foi reimpresso na primeira edição de Reagrupamento Revolucionário (Brasil, terceiro trimestre de 2011).
O pequeno trecho a seguir, escrito em 1901 por um jovem Leon Trotsky, foi reimpresso como introdução à primeira edição da revista Revolutionary Regroupment (EUA, segundo trimestre de 2010). Ele é simbólico da determinação da revista de ser bem sucedida em seu esforço e na sua confiança fundamental na capacidade da classe trabalhadora de quebrar as correntes de opressão e inaugurar um novo capítulo na história da humanidade. Sua tradução para o português foi realizada por Rodolfo Kaleb e Leandro Torres em 2011. Ele também foi reimpresso na primeira edição de Reagrupamento Revolucionário (Brasil, terceiro trimestre de 2011).
Dum spiro spero! [Enquanto há vida,
há esperança!] ... Se eu fosse um dos corpos celestiais, eu olharia com
completo desapego para esta bola miserável de sujeira e poeira ... Eu brilharia
indiferente entre o bem e o mal ... Mas eu sou um homem. A história do mundo
que para você, desapaixonado cálice de ciência, para você, guarda-livros da
eternidade, parece apenas um momento insignificante no equilíbrio temporal,
para mim é tudo! Enquanto eu respirar, eu lutarei pelo futuro, este radiante
futuro no qual o homem, poderoso e belo, se tornará mestre do fluxo incerto da História
e irá direcioná-lo para um horizonte sem fim de beleza, alegria e felicidade!
O século dezenove de muitas formas satisfez e
de ainda mais formas enganou as esperanças do otimista ... Ele o compeliu a
transferir a maioria das suas esperanças para o século vinte. Sempre que o
otimista se confrontava com um fato de atrocidade, ele exclamava: Como pode
isso acontecer no limiar do século vinte! Quando ele imaginasse
maravilhosamente desenhado um futuro harmonioso, ele o colocava no século
vinte.
E agora este século chegou! O que trouxe com
ele em sua inauguração?
Na França – o escarcéu venenoso do ódio racial
[1]; na Áustria – disputa nacionalista...; na África do Sul – a agonia de um
povo pequeno, que está sendo assassinado por um colosso [2]; na própria “ilha
da liberdade” – o canto triunfante da vitoriosa avareza de agiotas
chauvinistas; dramáticas “complicações” no leste; rebeliões de massas populares
famintas na Itália, Bulgária, Romênia ... ódio e morte, fome e sangue ...
Parece até que o novo século, este gigante
recém-chegado, está determinado mesmo no momento do seu surgimento a levar o
otimista ao absoluto pessimismo e a um nirvana cívico.
– Morte à Utopia! Morte à fé! Morte ao amor! Morte à esperança! Esbraveja o século vinte em salvas de fogo e ao retumbar das armas.– Renda-se seu patético sonhador. Aqui estou eu, o seu tão esperado século vinte, o seu “futuro”.– Não, responde o inabalado otimista: Você, você é apenas o presente.
Notas do tradutor
[1] O “Caso Dreyfus”
[2] A Guerra dos Boers