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A Escola Stalinista de Falsificação Revisitada (5)

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5. A Luta pela Quarta Internacional

Um partido que é incapaz de defender as conquistas já obtidas pelos trabalhadores certamente não será capaz de liderar a revolução proletária. Desde a época em que foi formada, em 1923, até que Stalin ordenou ao Partido Comunista Alemão que capitulasse a Hitler sem luta quase dez anos depois, a Oposição de Esquerda defendeu firmemente a bandeira da Terceira Internacional. Apesar do mais incrível cordame burocrático, expulsões indiscriminadas, e mesmo deportações e banimentos, Trotsky se manteve firme ao seu objetivo de reformar a Comintern. Oposicionistas de esquerda, burocraticamente expulsos, exigiam sua readmissão aos sues respectivos PCs e agiam até esse momento como frações da Internacional Comunista, ao invés de proclamarem novos partidos. Eventos críticos dentro ou fora da União Soviética poderiam novamente pôr a classe trabalhadora em ação e oferecer a oportunidade para substituir os usurpadores stalinistas. Além do mais, a Terceira Internacional, aproveitando o prestígio de ser associada com a única revolução socialista vitoriosa, tinha laços fortes com as massas que não podiam ser ignorados. Para a Oposição de Esquerda, renunciar prematuramente à Comintern seria abandonar centenas de milhares de trabalhadores com consciência revolucionária à burocracia e condenar os trotskistas ao isolamento e irrelevância.

As sectárias e derrotistas políticas do “terceiro período” da Comintern, que levaram à vitória do fascismo na Alemanha em 1933, forçaram a Oposição de Esquerda a adotar uma mudança radical de perspectiva. Desde 1930, Trotsky havia alertado que o destino do movimento revolucionário internacional dependia do resultado da luta contra a ameaça fascista na Alemanha. Os Comunistas (KPD), seguindo as ordens de Stalin, jogaram o poder nas mãos dos fascistas ao se recusarem a chamar por uma frente única com a socialdemocracia (SPD) contra os nazistas e, ao invés disso, denunciando o SPD como “social-fascista”.

O chamado por uma nova Internacional

A marcha pacífica de Hitler ao poder, sem nenhum tipo de resistência pelos Comunistas, levou Trotsky a concluir corretamente que o KPD havia se degenerado decisivamente. Como consequência dessa derrota e traição de proporção histórica mundial, a classe trabalhadora alemã ficou prostrada por mais de uma década e foram preparadas a segunda guerra mundial imperialista e a invasão de Hitler contra a União Soviética. A Oposição de Esquerda chamava agora por um novo partido na Alemanha:

“A questão do rompimento aberto com a burocracia stalinista na Alemanha é no presente momento uma questão de princípios de enorme importância. A vanguarda revolucionária não perdoará esse crime histórico cometido pelos stalinistas. Se nós apoiamos a ilusão de que a vitalidade do partido de Thaelmann-Neumann, nós iríamos parecer às massas como defensores da sua bancarrota. Isso significaria que nós próprios nos desviaríamos pelo caminho do centrismo e da putrefação.”
― L. D. Trotsky, “KPD ou Novo Partido?”, março de 1933

Mas e quanto ao restante da IC?

“Aqui é natural perguntar como nós agimos com relação às outras seções da Comintern e Terceira Internacional como um todo. Nós rompemos com elas imediatamente? Em minha opinião, seria incorreto dar uma resposta tão rígida como – sim, nós rompemos. O colapso do KPD diminui as chances de regeneração da Comintern. Mas, por outro lado, a própria catástrofe poderia provocar uma reação saudável em algumas seções. Nós devemos estar prontos para ajudar nesse processo. A questão não foi decidida na URSS, onde proclamações de um segundo partido seriam incorretas. Nós estamos chamando hoje pela criação de um novo partido na Alemanha, para tomar a Comintern das mãos da burocracia stalinista. Não é uma questão de criar a Quarta Internacional, mas de salvar a Terceira.”
― Idem.

Entretanto, nem mesmo uma das seções da Comintern realizou o menor esboço de protesto contra a afirmação de Stalin de que as políticas do KPD tinham estado certas do começo ao fim, ou nem mesmo chamaram por uma discussão dos eventos! Trotsky respondeu declarando que uma organização que é atingida pelo trovão do fascismo e se submete docilmente aos atos ultrajantes da burocracia demonstra que está morta e que nada pode revivê-la; o stalinismo tinha sofrido o seu 4 de agosto (uma referência à traição definitiva dos socialdemocratas alemães, que votaram pelos créditos de guerra do Kaiser em agosto de 1914, ficando do lado da “sua própria” burguesia na guerra imperialista). Em julho de 1933, Trotsky chamou a Oposição de Esquerda a começar a trabalhar pela construção de uma nova Internacional e novos partidos revolucionários pelo mundo. De acordo com a nova perspectiva, a Oposição de Esquerda mudou seu nome para Liga Comunista Internacional.

A análise de Trotsky foi rapidamente confirmada. Depois do desastre alemão, a IC substituiu as aventuras do terceiro período pela política capitulante da “frente única” a qualquer preço, a União Soviética decidiu entrar na Liga das Nações (que Lenin havia denunciado como um covil de bandidos) e se virou para uma aliança militar com o imperialismo francês, repudiando abertamente o internacionalismo revolucionário. Os stalinistas dividiram as potências imperialistas em dois tipos: as “democráticas, amantes da paz”, de um lado, e as fascistas, amantes da guerra, de outro. A Terceira Internacional foi subvertida para se tornar uma simples ferramenta para os interesses diplomáticos da burocracia russa, com o trabalho de forjar alianças com os imperialistas “amantes da paz” para proteger o “socialismo em um só país”. Assim, o PC francês recebeu ordens de votar pela verba de defesa militar da “sua” classe dominante. A burocracia stalinista declarou oficialmente que Roosevelt, então presidente dos EUA, estava “honestamente buscando uma solução democrática e pacifista para os conflitos imperialistas”, e consumou frentes populares com partidos burgueses liberais na França e na Espanha em 1936, que acabaram levando à vitória do fascismo anos depois. Durante a Segunda Guerra Mundial, Stalin finalmente declarou que a Comintern não servia mais a nenhum propósito e dispersou-a formalmente.

A LCI e grupos a ela simpáticos não proclamaram simplesmente a si mesmos uma nova Internacional. A expulsão da Oposição de Esquerda da Comintern a havia privado de uma necessária esfera de atividade política, forçando-a a desenvolver-se como um grupo de propaganda isolado. A Oposição de Esquerda tinha sido capaz de treinar um número limitado de quadros, mas lhe faltavam raízes nas massas e ela era numericamente fraca. Além disso, as suas organizações não haviam sido testadas em batalhas sérias da luta de classes. O período a frente seria um de preparação:

“Propagar as ideias da Oposição de Esquerda, recrutar mais e mais aderentes, individualmente e em grupo, para as fileiras da Liga Comunista Internacional, realizar uma agitação entre as massas sob o slogan da Quarta Internacional, educar os nossos próprios quadros, aprofundar a nossa posição teórica – esse é o nosso trabalho básico no período histórico imediatamente à nossa frente” (ênfase no original).
― L. D. Trotsky, “O SAP, a LCI e a Quarta Internacional”, janeiro de 1934

A principal tática usada pela LCI para recrutar novos aderentes foi o reagrupamento revolucionário. Trotsky era o primeiro a reconhecer a imensidão da tarefa diante do movimento pequeno e isolado. Ele buscava cada oportunidade para romper o isolamento e encontrar novos aliados, ainda que temporários, para que pudessem ser dados os primeiros passos rumo à construção de uma nova Internacional.

Em um período de tremendos perigos e oportunidades revolucionários, as tendências e matizes oposicionistas dos anos 1930 surgiam predominantemente com um caráter centrista, vacilando entre o social-patriotismo e a revolução socialista. Os eventos da Alemanha (1931-33), o esmagamento da Socialdemocracia Austríaca “de esquerda”, junto com a sua supostamente poderosa milícia partidária em 1934, causou uma profunda efervescência no movimento da classe trabalhadora e uma rejeição ampla do reformismo. Uma proliferação de correntes centristas surgiu, como frequentemente acontece em etapas iniciais de uma nova onda de militância da classe trabalhadora. A LCI se orientou em direção a esses grupos para poder, através do exemplo e da propaganda, ganhar os elementos mais saudáveis para um programa revolucionário. Mas a tática de reagrupamento revolucionário não é, como sustentam alguns, um processo de acomodação política ao centrismo. Ao mesmo tempo, Trotsky travava uma luta consistente contra as lideranças centristas vacilantes, rejeitando impiedosamente o slogan de “unidade” de todas as organizações proletárias independente de seu programa e suas táticas:

“... obscurecer a nossa diferença com o centrismo em nome de facilitar a ‘unidade’ significaria não apenas cometer suicídio político, mas também encobrir, fortalecer e nutrir as características negativas do centrismo burocrático, e só por esse fato ajudar as tendências reacionárias dentro dele contra as tendências revolucionárias.”
― “Sobre o estado da Oposição de Esquerda”, 16 de dezembro de 1932

O realinhamento de forças na classe trabalhadora europeia não passou por cima dos partidos da Segunda Internacional. Desiludidos com a Comintern, muitos militantes proletários e jovens entraram nos partidos socialdemocratas, resultando numa proliferação de tendências se movendo à esquerda dentro deles. Na França, Espanha, Bélgica e Suíça, seções da Juventude Socialista se tornaram simpáticas às ideias de Trotsky.

Na França, os Socialistas (SFIO) tinham rachado no fim de 1933 com a ala direita do partido e formado a sua própria organização. O racha fez a SFIO, o maior partido operário da França, girar à esquerda. Trotsky aconselhou à pequena seção francesa da LCI a entrar nos Socialistas. A formação da “frente única” (sem críticas) entre a SFIO e o PC em julho de 1934 e boatos sobre uma possível fusão dos dois partidos reformistas adicionou ainda mais razões para um entrismo imediato; qualquer tendência fora da “frente única” estaria mais isolada do que nunca. Trotsky reivindicou entrismos similares (o assim chamado “giro francês”) também na maioria das outras seções.

O giro francês levou a profundas disputas e mesmo rachas entre os partidários da Quarta Internacional, com alguns sectários ultra-esquerdistas, como Oehler nos Estados Unidos, rejeitando sob questão de princípio a tática de entrismo. A seção francesa rachou ao meio em cima dessa questão, e a Esquerda Comunista espanhola (liderada por Andres Nin) recusou-se imediatamente (apenas para fundir de forma oportunista com um grupo reformista e formar o POUM cerca de um ano depois). Mesmo onde foi realizado, entretanto, o giro francês e as lutas para reagrupar os revolucionários das formações centristas se movendo à esquerda trouxeram poucos recrutas aos trotskistas. O proletariado tinha uma longa série de derrotas atrás de si e estava em recuo. Com a ameaça de uma nova guerra mundial, a classe trabalhadora estava interessada em soluções imediatas para os seus problemas; os pequenos grupos trotskistas não eram atraentes.

A fundação da Quarta Internacional

Mas, com a ameaça iminente de guerra imperialista e com o desaparecimento de várias correntes centristas, seguido ao advento dos governos de frente popular na França e na Espanha, a necessidade objetiva pela fundação de uma nova Internacional não permitia mais demoras. Em setembro de 1938, a Conferência de fundação aconteceu em Paris, com 21 delegados representando 11 países. Enquanto a Quarta Internacional era pequena em números, ela representava a continuidade do leninismo, expressa acima de tudo em seu programa.

O documento programático básico adotado pela conferência de fundação, A Agonia Mortal do Capitalismo e as Tarefas da Quarta Internacional (“Programa de Transição”), é o mais compreensível e sucinto resumo do trotskismo, representando a destilação dos interesses do proletariado na época do imperialismo. É um documento que já foi propositalmente mal interpretado por ambos seus oponentes e por alguns dos seus supostos aderentes. Acima de tudo, ele não é um programa de reformas, mas apresenta palavras de ordem para a tomada de poder pelo proletariado. Ele se baseia na premissa de que, na época de decadência capitalista, os pré-requisitos objetivos para a revolução socialista não apenas amadureceram, mas começam a apodrecer. O fator fundamental evitando a revolução mundial é a liderança reformista dos sindicatos e dos partidos proletários de massa, os agentes da burguesia dentro do movimento dos trabalhadores: “A crise histórica da humanidade se reduz à crise de liderança revolucionária”.

Durante o período progressivo do capitalismo, a socialdemocracia distinguia um programa mínimo (reformas sindicais, democracia política) e o seu programa máximo (o socialismo), postergando o último para um futuro indeterminado. Agora “não pode haver mais discussão sobre reformas sociais sistemáticas e aumento das condições de vida das massas... cada demanda séria do proletariado... inevitavelmente vai além dos limites das relações de propriedade capitalistas e do Estado burguês”. A tarefa da vanguarda comunista era tornar o proletariado consciente das suas tarefas através de uma série de demandas transitórias, que formulavam as necessidades objetivas da classe trabalhadora de tal forma que tornasse clara a necessidade de destruir o capitalismo:

“A tarefa estratégica do próximo período – período pré-revolucionário de agitação, propaganda e organização – consiste em superar a contradição entre a maturidade das condições objetivas da revolução e a imaturidade do proletariado e de sua vanguarda (confusão e desencorajamento da velha geração e falta de experiência da nova). É necessário ajudar as massas, no processo de suas lutas cotidianas, a encontrar a ponte entre suas reivindicações atuais e o programa da revolução socialista. Esta ponte deve consistir em um sistema de REIVINDICAÇÕES TRANSITÓRIAS que parta das atuais condições e consciência de largas camadas da classe operária e conduza, invariavelmente, a uma só e mesma conclusão: a conquista do poder pelo proletariado.” (ênfase no original).
― O Programa de Transição, 1938

Tais reivindicações incluíam uma escala móvel dos salários e horas de trabalho, a abertura dos livros-caixa dos capitalistas, a expropriação da indústria sob o controle dos trabalhadores, a formação de comitês de empresa, milícias de trabalhadores, sovietes e um governo operário. Nos países atrasados, ele chamava pela revolução proletária apoiada pelo campesinato, que iria resolver as tarefas democráticas (a revolução agrária, a independência nacional) e as tarefas socialistas. Na União Soviética, o programa chamava por uma revolução política, enquanto enfatizava o compromisso da Quarta Internacional em defender incondicionalmente a URSS contra o ataque imperialista.

Perseguição stalinista

A Quarta Internacional, na época da sua conferência de fundação, era composta de seções consistindo de algumas dúzias, a no máximo poucas centenas de membros (com uma exceção, a seção nos Estados Unidos, o Partido dos Trabalhadores Socialistas [SWP], com 2500 membros). Mas, apesar de seu pequeno número, os trotskistas eram uma ameaça mortal a Stalin e sua camarilha de usurpadores burocráticos. A única saída era aniquilação política e física.

Stalin estava, entretanto, cada vez mais preocupado com a sua própria facção e, no início de 1936, ele iniciou um expurgo em toda a liderança do exército; através dos processos de Moscou, ele acusou e condenou todos os nove membros do antigo Politburo liderado por Lenin (a não ser o próprio Stalin), assim como virtualmente todo o Comitê Central bolchevique de 1917. No terceiro processo (março de 1938), Trotsky e seu filho Leon Sedov foram acusados de conspirar para sabotagem e derrubada do governo soviético, com o objetivo de restaurar o capitalismo em aliança com Hitler e o Imperador Japonês. Em seu famoso discurso secreto ao vigésimo Congresso do Partido, Kruschev admitiu oficialmente que os processos e as “confissões” nas quais eles supostamente se baseavam eram uma fraude do começo ao fim. Apesar disso, ambos os stalinistas pró-Moscou e os maoístas de hoje continuam repetindo as calúnias de que Trotsky cooperava com os fascistas, apesar de que nunca se produziu o menor indício de evidência para “provar” essas acusações.

Também nessa época, Stalin lançou uma campanha sistemática para exterminar líderes trotskistas ao redor do mundo e eliminar milhares de Oposicionistas de Esquerda russos nos campos de trabalhos forçados. O relato de uma testemunha ocular dos campos de Vorkuta fala de cerca de 1000 bolcheviques-leninistas nesse campo, e muitos milhares em outros campos da província. Perto do fim, os prisioneiros trotskistas chamavam pela derrubada do governo de Stalin, ao mesmo tempo em que enfatizavam que iriam defender a União Soviética incondicionalmente em caso de guerra. Quando, na primavera de 1938, a GPU stalinista ordenou o assassinato de todos os trotskistas remanescentes, eles marcharam para a morte cantando a Internacional.

Em nível internacional, a GPU havia assassinado o filho de Trotsky; o checo Erwin Wolf e o alemão Rudolf Klement, ambos secretários de Trotsky; e o polonês Ignace Reiss, antigo dirigente do serviço secreto soviético na Europa. Durante o mesmo período eles também eliminaram proeminentes ex-trotskistas como Nin na Espanha, o austríaco Landau e outros. O ápice veio com o assassinato do próprio Trotsky por um agente da GPU em 20 de agosto de 1940.

Defesa incondicional da União Soviética

A acusação favorita dos stalinistas durante esse período era sempre de que Trotsky havia se aliado com potências estrangeiras para destruir o Estado soviético. Isso era uma mentira descarada, já que Trotsky sempre havia insistido que verdadeiros bolcheviques-leninistas devem defender incondicionalmente as conquistas históricas da revolução de outubro. Cada documento programático da Oposição de Esquerda, da Liga Comunista Internacional e da Quarta Internacional proclamava a defesa incondicional da URSS contra forças capitalistas restauracionistas ou contra ataque imperialista.

Mas a defesa do Estado soviético exigia acima de tudo a derrubada do regime stalinista que consistentemente sabotava essa defesa. Com a teoria do “socialismo em um só país”, a burocracia descartou a possibilidade de revolução socialista mundial, que era a única forma de defender verdadeiramente as conquistas do primeiro Estado proletário da história. Mas Stalin fez mais do que isso: ele desarticulou duas vezes a liderança das forças armadas soviéticas no fim dos anos 1930 (depois de ter repetidamente expurgado o Exército Vermelho nos anos 1920, para expulsar os trotskistas); e ele depositou uma fé cega em seu acordo com Hitler, preparando assim a derrota as forças russas nas primeiras semanas da invasão de Hitler à URSS. Apenas liderando vigorosamente os trabalhadores contra suas próprias burguesias nos países capitalistas, e através da revolução política na União Soviética, o caminho poderia ser aberto para o socialismo. Essa era a tarefa da Quarta Internacional.

A última batalha política de Trotsky foi precisamente sobre essa questão. Em 1939-40, sob a pressão da opinião pública que tinha se voltado contra a União Soviética durante o pacto de não-agressão Hitler-Stalin, uma oposição pequeno-burguesa se formou entre elementos da liderança do SWP norte-americano. O grupo de Shachtman-Burnham-Abern de repente “descobriu” que a União Soviética não era mais um Estado proletário, e assim não precisava mais ser defendida incondicionalmente. Trotsky prontamente recusou-se a ceder sequer um centímetro à fração shachtmanista, já que entendia perfeitamente que oscilar a respeito dessa questão crucial iria condenar a Quarta Internacional a uma morte ignominiosa. Essa dedicação aos princípios bolcheviques custou ao SWP cerca de 40 por cento dos membros do partido quando os shachtmanistas romperam em 1940, destruindo também a organização de juventude. Apesar de frágil e perseguida, a Quarta Internacional foi capaz de evitar o seu “4 de agosto”, mantendo-se prontamente firme ao seu programa durante esse período de intenso social-patriotismo.

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